Amanheci à procura do significado da palavra gorjeta. A única coisa que descobri que não somos obrigados a pagá-la. Como uma tendência cultural e mundial agradar diretamente o garçom com a gorjeta é natural. Agora, quando ela já vem faturada na comanda, o que nos resta é questionar, pois em muitos casos os 5%, 10% não são repassados para o verdadeiro dono.
Pois bem, a notícia em destaque nos telejornais na manhã desta quinta-feira, 11, se refere a aprovação, ontem ,10, de projeto de Lei no Senado, permitindo a cobrança da taxa de 20% para gorjeta em bares e restaurantes, entre 23h e 6h. A justificativa do projeto? Os garçons, na madrugada, correm maior risco de violência. Têm dificuldade de transporte e o horário é mais cansativo.
Lei aprovada, promulgada ou sancionada, tem que ser cumprida. O consumidor em todo o País reage e já se manifesta contrário a decisão dos parlamentares. Primeiro, alega o valor a ser cobrado. Segundo, ninguém é obrigado a pagar gorjeta, principalmente se o serviço for considerado ruim. Terceiro, tem aqueles que gostam de agradar e preferem os 10%, valor que já estão acostumados a pagar.
Embora seja um apaixonado pela noite, a gorjeta de 20% não vai azedar o meu chopp, pois volto pra casa mais cedo. E os boêmios como ficam nessa discussão ? Os parlamentares deveriam ter perguntado a eles se devem ou não pagar os 20% de gorjeta ao garçom. O Procon avisa: “10%, 20% de gorjeta, só paga quem quiser. Você deve pagar apenas pelo que gastou e pronto. Qualquer valor acima disso, ou seja, essas gorjetas são sugestões. Não podem ser impostas para o consumidor”.
A gorjeta de 20% foi aprovada pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado. Ainda depende de votação na Câmara. Mesmo assim a situação é delicada. Para o garçom é uma ajuda e tanto. Para o consumidor é um custo a mais. Para os empresários o que resta é fazer lobby para que o projeto seja aprovado e vire lei, uma espécie de ‘bandeira dois’ para contribuir na folha de pagamento dos bares e restaurantes’.
Segundo o Dicionário Michaelis Escolar significa gratificação ou propina. Na minha visão de professor sem um trabalho fixo ainda, fica cada vez mais difícil de sair nas noites em que São Luís funciona. Primeiro pela passagem de ônibus que está com pouca diferença da gasolina comum, R$ 2,10 e R$ 2,29 respectivamente. Segundo que para chegar, por exemplo, a Praia Grande já deixo uma pequena gorjeta para o cobrador por não ter troco. Terceiro quando se chega aos bares nem sempre o funcionário está capacitado para um bom atendimento ao cliente, principalmente ao turista. E outra o preço da cerveja é estupidamente caro, sendo que mesmo não se consumindo em alguns bares do Reviver se paga R$ 4,00 para sentar. Então em vez dos empresários fazerem lobby para a lei ser aprovada desses mais absurdos 20%, já bastando os 23% do coletivo, estes homens de preto deveriam investir mais nos seus funcionários porque a folha de pagamento já é bem proveitosa, sendo que para estes é bem mais fácil pagar pela noite do que assinar a carteira do funcionário (garçom) em alguns muitos restaurantes da capital. Quem paga mais uma vez o pato por uma má administração é o cidadão maranhense que procura além da boemia, um pouco de cultura local em seu lugar de origem. Sem contar que existem especialistas da área do turismo que dizem que a família maranhense não gosta de lazer, de conhecer o seu local de origem. Mas como o cidadão que ganha um salário mínimo poderá fazer a multiplicação do dinheiro para sair com sua família. Há tinha esquecido da gorjeta que a Prefeitura deixa para os empresários de ônibus nos domingos para o cidadão ir à praia na tal velha política de pão e circo, onde os palhaços são os próprios usuários do coletivo que vão pendurados como macacos dentro do pau de arara. Porém quem sabe se a Comissão de Assuntos Sociais do Senado cria outra gorjeta nos finais de semana para os boêmios ou gente culta que não bebem álcool, mas gostam de lazer tendo um desconto na hora de pagar algo que consumiu no bar ou restaurante ao funcionário dos homens de preto no dia de domingo. E eu que sou apenas um professor do Residencial Maria Aragão I no fim da Avenida Brasil, onde o vento não faz a curva já basta as gorjetas que tenho que pagar a falta de segurança praticamente todos os dias quando o ônibus não chega ao Terminal São Cristovão no horário certo. Então para eu sair em uma única noite do mês, deixando a família em casa, tenho que por enquanto desembolsar 23% a mais da passagem do coletivo, para chegar, por exemplo, a Praia Grande (novamente) em um bar qualquer. Outra, sendo hipoteticamente a Lei ter entrado em vigor, teria que pagar mais 20% de gorjeta ao garçom e se eu quiser chegar em casa vivo teria que negociar com o taxista que tivesse coragem de chegar na Avenida Brasil pagando “bandeira dois”. Porque o coletivo encerra as 23h00min para esse local. Isso se não fosse confundido por outra pessoa na rua, ai teria que pagar propina.