Pode parecer papo de “velho saudosista”, mas tem hora que não entendo mais o significado da palavra Carnaval como a festa da diversidade com coerência. Sou defensor árduo de todas as misturas no período da festa. Agora, cada qual no seu quadrado.
Não sou um marqueteiro de plantão, mas entendo um pouco do riscado, ao saber como, para quem se deve comercializar e segmentar um produto. Infelizmente, existem comerciantes que pensam uma coisa e na prática fazem outra. Uns até pensam em atingir o tal segmento A e B inteligente e formador de opinião (uma teoria quase furada). Mas, quando se deparam diante do cliente senso comum (independente de classe social), vítima de uma sociedade consumista, imediatista, midiática excessivamente, vem o desespero e logo mudam de opinião. Ao invés de acreditar no tradicional carnaval das marchinhas, dos sambas de raiz, das bricandeiras de Urso, Jardineiras, e das canções autorais da região, vem a preocupação com o ‘Rebolation…Xon Xon’, entre outros hits batizados de verão e descartáveis para aquele momento da folia.
Nada contra o modismo, pois não sou xenófobo, nem xiita. Acredito e respeito a inovação, a modernização das coisas. Mas defendo com unhas e dentes a segmentação e o bom senso.
Se perguntarem para mim sobre o que acho do Carnaval da Bahia. Em duas palavras defino: lindo e maravilhoso. Os caras sabem fazer carnaval com criatividade, são assumidos comercialmente e conseguem com esse formato atrair para lá o mundo. E o do Rio de Janeiro . Idem. Justiça seja feita, as escolas de samba tornaram-se um show grandioso, rico e majestoso, uma verdadeira atração para brasileiros e gringos, além das bandinhas do Bola Preta, As Carmelitas, Manobloco, entre outros, que atrairam centenas de pessoas dos quatro cantos do mundo. E do Recife. Espetacular. os pernambucanos souberam aliar a tradição e a modernidade com sabedoria. A mistura ou multiculturalismo, como conceituaram a folia feita por lá, visse, é funcional. Tudo é feito com a coerência de que tanto questiono.
E o do Maranhão ? Diversidade de ritmos e musicalidade é o que não nos falta. Sinto apenas uma certa incoerência quando estou em um baile de carnaval e alguém pede para tocar um axé baiano, um funk carioca ou um forró estilizado oriundo do Ceará, Paraíba, Sergipe, Pernambuco, etc, como a sonoridade de fora a fazer parte dessa mistura carnavalesca a qual defendemos para não ficarmos isolados mediante a conjuntura global. Nada contra essas vertentes, mas não existe uma bandeira levantada para valorização das coisas produzidas na terrinha e o que vier de fora tem que estar dentro do contexto ou não ?
Diante dos pedidos e questionamentos veio a reflexão. Será que eu ou eles estão certos (?) Em meio as inúmeras turbulências sonoras tenho a sensação de que me restam apenas as cinzas do Carnaval.
Prezado amigo Pedrinho ( quem é considerado pode chama-lo assim)
Admiro seu trabalho, sempre que posso olho seu blog, porem tem uma coisa que me intriga muito, as suas informações possuem poucos comentarios, não sei se é porque o assunto pouco interessa ou se as pessoas estão pouco preparadas para comentá-las.
Não so nenhum expert no assunto musica, mais admiro a boa musica, aquela que de alguma forma , faz vc. refletir, sonhar, sofrer, sorrir, etc.
Vejo que nos ultimos tempos as coisas estão perdendo seu valor historico, como por exemplo, o carnaval, lembro que quando criança , ficava louco pra chegar o carnaval, para ouvir as musicas predominantes, ver os fofões, confete , serpentina etc. Hoje devido a esse tal de carnaval fora de epoca, parece que todo tempo é carnaval, perdeu a essencia. Outro caso é o são joão, devido os grupos de Bumba bois, se apresentarem ate o mes de novembro, dezembro, esta tambem perdendo a essencia.
Bastante salutar o seu comentario sobre a influencia da musica de fora do estado , aqui em São luis, infelizmente as instituições e as pessoas responsáveis pela gestão cultural, só tem pretensões pessoais, esquecem que a cultura, é do povo e para o povo.
Abraços,
Nilton Farias ( pai do Mayrhon e esposo de KIKI )