Uma performance de trinta minutos onde não faltou poesia, irreverência, crítica social sem pieguice e música. Assim foi o lançamento, nesta noite, no Cine Praia Grande, de Belle Époque, o terceiro livro-CD do poeta Celso Borges, concebido em São Paulo, mas com a essência de um maranhense. Uma noite concorrida para prestigiar essa figura ilustre e jovial, que trocou por alguns anos a ilha pela selva de pedra paulistana. Enfim, voltou e trouxe com ele na bagagem a visão mundana, que sempre fez parte de sua trajetória neste planeta, mas sem perder o foco, o cordão umbilical enterrado até a alma em solo ludovicense..
É como Celso definiu em entrevista: “tudo não passa de um código em silêncio. É como se o CD dialogasse com o livro. Assim se configurou o breve sarau feito pelo poeta, acompanhado da banda Restos Inúteis: Reuben Rocha (guitarra), André Lucap (violão), Bruno Azevedo (baixo) e André Grolli (bateria). Os cinco caras aproveitaram a ocasião para mostrar que são músicos de mão cheia e o que lhes faltavam era uma chance para concepção de um trabalho consistente e que fugisse do lugar comum. A oportunidade veio com a composição das trilhas para 15 poemas de Belle Époque, sendo concretizada no palco, na tela do cinema, trazendo as imagens do livro editadas pelo músico e fotógrafo André Lucap.
Um cenário formidável…poesia em movimento, trilha sonora consistente, coerente com proposta e dois universos vivenciados pelo poeta: São Paulo e o Maranhão de Ferreira Gullar e Bandeira Tribuzzi, ícones da literatura contemporânea maranhense e brasileira, citados com maestria por Celso. Enfim, uma noite oportuna para quem curtiu a audição da poesia articulada com seriedade, lucidez e com o propósito de que renovar é preciso.