Em seu quarto álbum, o violinista francês Nicolas Krassik, que já passou por São Luís, aborda a obra de João Bosco. Odilê odilá, lançado pela gravadora Rob Digital, reúne um time de grandes músicos brasileiros e também conta com valiosa canja do homenageado em duas faixas.
Nascido na França, Nicolas Krassik já conquistou cidadania no Brasil pela música, diplomado em rodas de samba e de choro. Radicado no país desde 2001, o violinista conhece como poucos, valoriza e enriquece. Não é olhar de estrangeiro, é o recém-nativo sem sotaque no instrumento, mas com novas idéias. Quando mergulha na obra de João Bosco fica clara essa ligação de vida.
Tocando samba em seu violino, Nicolas é chique e criativo. Descobre novidades em músicas como Coisa feita, Linha de passe, Senhoras do Amazonas e na incrível leitura de Bala com bala. Também impressiona sua abordagem criativa em Corsário e na leitura mais lírica da pouco conhecida Depois da penúltima, gravada anteriormente por Bosco em CD de seu parceiro Aldir Blanc, e aqui destacando o acordeon de Marcelo Caldi.
Nessa aventura de trazer para o violino as quebradas do violão do compositor, Nicolas opta por arranjos camerísticos em que está acompanhado por Marcelo Caldi (acordeon), Nando Duarte (violão de 7 cordas) e Luis Barcelos (bandolim de 10 cordas). O músico Luis Filipe Lima divide a produção com Nicolas e traz seu violão de 7 cordas em Bala com bala.
E até o próprio João Bosco comparece, de voz-violão-coração, em Da África à Sapucaí e na faixa-título Odilê, Odilá, que encerra o disco. Fica a certeza de que a participação é nobre e mostra que o homenageado avaliza o trabalho. Mas o CD tem consistência e inteligência para sobreviver mesmo sem a brilhante presença de Bosco. “Se o que verdadeiramente importa na vida é ter bons momentos, então posso dizer que, ao final da audição do CD de Nicolas Krassik, eu me senti feliz”, revela João Bosco.
O disco esbanja criatividade. A proposta de reler a obra de Bosco é encarada com respeito e liberdade. Nicolas não desfigura nenhuma das músicas, mas traz frescor e novas idéias. O violino, brasileiríssimo, torna-se essencial na roda de samba.
Fonte: Folha Online