Saudades dos meus bons tempos de estudante de jornalismo na UFMA. Euzinho (aqui) sonhei e concretizei o sonho de ser um dia jornalista. Cheguei lá, conquistei o mercado com muitas dificuldades e até hoje continuo vivenciando a profissão, aprendendo e tentando matar vários coelhos com uma cajadada só, ou devorando um leão todos os dias. Assim caminha o jornalista compromissado com a informação: estressado, ansioso, com a vontade de dar um furo ou desvendar um fato ‘cabeludo’ e de interesse da opinião pública.
Pelo menos, foram esses os ensinamentos básicos que aprendi na Academia. Ah, não podia esquecer da Ética, palavra que nenhum curso superior pode ensinar a alguém como exercitá-la diariamente. Também me refiro à credibilidade com a informação, que não depende de uma faculdade. A credibilidade é conquistada quando se demonstra competência, cultura e interesse, não só no jornalismo como em qualquer profissão. Dessa troca de experiência e vivência universitária, seja lá qual for, restou uma experiência extradorinária. Disso eu não tenho dúvida aprendi muito e o que me restou foi saber agora que o diploma de jornalismo não é mais obrigatório para o exercício da profissão. Qualquer uma pessoa que sabe ler e escrever, mesmo não passando pela Academia, está apto a ser contratado por uma empresa de comunicação. Assim decidiu os oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Não quero tirar o mérito da minha não muito longa e humilde carreira. Mas é bom lembrar que parte dos amigos que conheci por meio da notícia, aprendeu fazer jornalismo no calor das redações das tevês, impressos e emissoras de rádio. Uns começaram a ‘trampar’ antes do golpe militar e outros depois, sem um curso superior para legitimar sua autoridade no cargo exercido. Isso sem falar nos comunicadores populares que conheci e descobri Brasil afora.
Contudo, ainda assim me sinto na obrigação de comentar o quanto achei lamentável a votação do Supremo Tribunal Federal, nesta quarta-feira (17). Os argumentos do ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, conseguiram me deixar cada vez convicto de que um outro mundo melhor é utopia. Mesmo tendo que respeitar a liberdade de expressão, não consigo ficar calado diante de frases de efeitos que me deixaram chocados. “A profissão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade tais como medicina, engenharia, advocacia – nesse sentido por não implicar tais riscos não poderia exigir um diploma para exercer a profissão”. Integro o questionamento da jornalista Maíra Kubik Mano, Mestranda em Ciência Política na PUC-SP, em que mundo não globalizado e não informatizado o ministro vive? O jornalismo não provoca danos à coletividade ? Ele se esqueceu que mais de 90% dos lares brasileiros têm pelo menos um rádio, uma televisão ou Lan Houses espalhadas em cada comunidade ?
Ser contrário à obrigatoriedade do diploma por entender que a profissão de jornalista passa por outros parâmetros e regulamentações é uma coisa. Mas desqualificar o trabalho do jornalista ou a de um Chef de Cozinha dizendo que eles não influenciam a sociedade é uma argumentação simplória, equivocada e fora da realidade. É uma pena.
Diante dos avanços conquistados pelo universo jornalístico, tanto tecnológico e de compromisso com a notícia, o Supremo perdeu a oportunidade de debater com seriedade um tema vital na sociedade contemporânea.
Como diz minha amiga Suzana Beckman, também jornalista como você: ” A crise não é minha, é do meu diploma!”
É lastimável, triste e, por bem dizer, equivocada a decisão do STF de suspender a obrigatoriedade do Diploma para Jornalistas. Não entendi até agora o que se passou na cabeça dos dignissimos para tomar tão decisão tão absurda, mas, que por força da lei terá que ser obedecida.
Sou Jornalista por formação e escolha de vida e me lamenta muito saber que tudo o que eu aprendi na faculdade (e olha que foram muitos conceitos e experiências) não é pre-requisito para “escrever” uma notícia para os superiores de Brasília. Triste. Imagina agora como não vão ficar as coisas.
Só espero que não reclamem das basbaridades que irão ler ou ouvir nos informativos daqui em diante…porque foram eles que escolheram este caminho..