Alceu Valença está de volta e traz com ele “Ciranda Mourisco”, o primeiro pela Biscoito Fino. Em seu novo CD o cantor e compositor pernambucano emoldura em arranjos acústicos algumas músicas de seu “lado b” trazendo a elas um certo ar oriental.
A idéia nasceu a partir de Ciranda da rosa vermelha, hit com Elba Ramalho mas até então inédita com o compositor. Daí o cantor passou em revisão sua discografia, escolhendo músicas que não foram parar nas rádios e nem nas coletâneas. “As flores voam e voltam noutra estação”, justifica em Pétalas, original do CD Maracatu, batuques e ladeiras, de 1994. Desse trabalho Alceu resgata também as músicas Amor que vai e Maracujá.
Alceu brilha em Sina de ouro que, assim como Chuva de cajus, foi pescado do LP Estação da luz, lançado em 1985. O olhar é amplo, e Alceu revê sua carreira voltando a seu primeiro LP individual , Molhado de suor (1974), de onde vem Dia branco, Molhado de suor, Mensageira dos anjos e Dente de oriente. Originalmente registrada em Leque moleque, de 1987, Alceu retoma Íris.
O clima “mourisco” das cirandas de Alceu aparece pelo timbre dos violões que o artista divide com Paulo Rafael, seu parceiro no palco desde 1975. O disco também tem força caprichada na percussão, dividida entre os músicos Edwin de Olinda e Jean Dumas que misturam o caxixi africano, o triangulo nordestino e tabla indiana.
– Busquei uma harmonização instrumental leve, com violas que remetem à música moura, ao Nordeste Ibérico -, explica Alceu no release. “Cirandas são aboios litorâneos, é a música de beira de praia”, compara o compositor que nessa viagem ainda inclui paisagens portuguesas em Loa de Lisboa.
Ciranda mourisca é, em princípio, um trabalho de intérprete. Buscando repertório em sua própria obra, Alceu Valença se reinventa em novas roupagens.