Não pretendo entrar no mérito ideológico, político-partidário ou de como será conduzido os Estados Unidos daqui pra frente, ou na vida privada do novo presidente dos EUA, a minha alegria é saudar o continente americano, a democracia, em sua essência, que nos presenteou com a vitória nas urnas de Barack Hussein Obama, 47 anos, o primeiro negro a chefiar a nação mais rica do planeta. O momento traduz a capacidade do povo Americano de auto-crítica e portanto, de avanço e mudança. Pensar que, há apenas 40 anos, os negros não podiam usar os mesmos espaços frequentados pelos brancos! Hoje, depois de reconhecer a existência e o absurdo desta discriminação, este povo elegeu um negro para ser o Presidente do país.
A vitória de Obama é motivo de reflexão para nós e que ele saiba governar dialogando com o planeta, sem ranço, vaidade, ou espírito ‘segregacionista’. Comparo a eleição de Obama com a do metalúrgico, Luís Inácio Lula da Silva, no Brasil, em 2003. Um País marcado pelo pré-julgamento (ou melhor pelo preconceito) se curvou diante daquilo, que se conceituava como impossível, em troca de uma alternância de Poder, e que ecoasse como um diferencial na História Política Nacional. A fórmula está dando certo e o termômetro é a aprovação popular. Agora, desculpem os belos ou as belas, mas a beleza externa, aquela esteticamente valorizada no mundo ocidental, não parece ser tão fundamental nos dias de hoje. A teoria já é uma realidade no esporte, nas artes, e se estende ao mundo dos negócios e da política. Incomodada, a beleza externa vem secando a pimenteira da beleza interna, aquela que se refere, a beleza da alma, do respeito, da sabedoria e de outros valores contrários a ditadura da violência simbólica instituída nas cabeças de alguns mortais. No meio da transição de idéias, quebra de paradigmas e conceitos que o mundo vivencia no exato momento, me veio a cabeça as sábias e atemporais profecias de Martin Luther King. A página da história mundial é virada com a vitória de um afrodescendente, cujo passado tem as marcas do sofrimento, mas o presente está atrelado pela auto-estima, determinação, a vontade de chegar ao topo, sem o excesso da ambição e da vaidade, mas com a vontade de mostrar ao mundo que é possível revolucionar armado com a bandeira da paz e legitimando que a alma não tem cor.
Enfim, um jamaicano negro como o homem mais rápido do mundo, não é tão incomum. Um inglês negro como campeão da Formula 1, isso é incomum. ou bronzeado, de acordo com o estilo preconceituoso de Berlusconi, o presidente dos Estados Unidos não era esperado, porém não deixa de ser fantástico. Talvez para algumas pessoas não seja tão relevante, mas para o cenário internacional essa feliz coincidência de 2008, já podemos defini-lo com um ano memorável. Parabéns ao mundo, a historia, e a eles, os negros, brancos, amarelos, pardos e a todos os ativistas e revolucionários inesquecíveis. Salve, Salve, o povo americano !!!