O Grupo Pilares de Dança apresenta o espetáculo Manifesto III com coreografias de 22 poemas dos dois trabalhos mais recentes do poaeta maranhense Celso Borges: os livros-CDs XXI e Música. O espetáculo será apresentado neste sábado (21) e domingo (22), no Theatro Fernanda Montenegro, em Palmas, Tocantins.
O nome do projeto é uma referência aos poemas Manifesto, do livro-CD XXI (2000), e Manifesto II, do livro-CD Música (2006). No primeiro manifesto, “A posição da poesia é Oposição”, o texto traz à tona o sentido político, existencial e simbólico contido no ato de fazer poesia. O segundo, “Chega de lirismo comedido…. de Bandeira a meio pau”, é uma crítica à banalização e à superficialização da palavra e ao excesso de diluição da obra de poetas como Drummond, Vinícius de Moraes e Adélia Prado, entre outros.
“O terceiro manifesto é uma continuação cênica de toda a discussão que Celso Borges propõe, além de significar a intersecção das três expressões artísticas trabalhadas no espetáculo: música, poesia e dança”, diz a bailarina Isabel Etges, diretora do espetáculo.
Manifesto III é dividido em dois atos. O primeiro, com dez coreografias, faz uma analogia da poesia como se fosse água no deserto, por isso a ambientação do palco é árida. Além das bailarinas, o único objeto de cena é um baú pequeno que uma delas encontra no começo do poema Diverso (“nasce vário e lírico o poema que faço…”).
“Neste baú estão as poesias (a água) que eu encontro, mas reluto em querer dividir. Porém, percebo ao longo da cena que é possível sim, dividir os poemas. Dessa forma temos mais força para atravessar o deserto, que é a vida doida que a gente leva”, comenta a bailarina Amanda Lena.
Uma vinheta separa o primeiro do segundo ato, que tem 12 coreografias. A ambientação do palco e a luz mudam e a presença do público é enfatizada. “Não estamos mais sós. Somos bailarinas dançando em um palco, num teatro, com uma grande platéia nos olhando fixamente. Agora nos unimos para provocar o manifesto. A representação das poesias em nossos corpos é o centro das atenções, através do que chamamos de técnica de colagem, muito usada na dança teatro”, afirma Isabel Etges.
– Fico feliz de poder ver meus poemas saírem das páginas dos livros e dos CDs e voarem pelos palcos, entre pernas e músculos – afirma Celso Borges, que vai para a estréia do do espetáculo.
O poeta maranhense é autor de sete livros. Seu trabalho destaca-se pela transversalidade com outras manifestações artísticas. A sonorização de suas poesias rendeu-lhe parcerias com Zeca Baleiro, Chico César, Nosly, Carlos Careqa, Assis Medeiros e a banda TA Calibre 1, entre outros. No Tocantins, participou como palestrante do 3º Salão do Livro (2007) e ministrou oficinas de criação para artistas e professores e alunos da rede pública de ensino.
Dança
O Grupo Pilares de Dança é formado pelas bailarinas Isabel Etges e Amanda Lena e produzido por Luiz Melchiades. Surgiu no cenário cultural de Palmas em março de 2006, com a proposta de apresentar peças contemporâneas alicerçadas no tripé: pesquisa, criação e interpretação. “Queremos experimentar criativamente literatura, música, artes visuais e cinema, sob o ponto de vista da dramaturgia coreografada, além de promover o intercâmbio de informações entre profissionais e público, por meio de debates que tematizem a dança e as outras manifestações artísticas”, afirma Melchiades.
Nos dois últimos anos, o Pilares participou de diversos programas e eventos culturais em Palmas, entre eles o Circuito Cultural de Feiras Livres, com a coreografia “Brasil, o beijo que vós me nordestes”; e fragmentos do Manifesto III no III Salão do Livro do Tocantins (2007).
Manifesto III fortalece a parceria entre o grupo e a Fundação Cultural do Tocantins. “Queremos contribuir para o processo de retomada da dança contemporânea em Palmas, que esteve estagnada entre 2005 e 2007, sem registros de produção de espetáculos de dança ou apresentações de grupos nacionais”, diz Melchiades.