Tutuca: um artista de alma brasileira

3comentários

<img src=’https://www.blogsoestado.com/pedrosobrinho/files/2008/05/tutuca.jpg’ align=”left”

Depois de muitas andanças pelas ruas de Roma, subindo e descendo ladeiras, escadas do Rio e “poetisando” pelos becos de São Luís, o cantor e compositor Tutuca resolveu gravar o CD e primeiro DVD homônimos no show “Melodias”. Foram anos de expectativas, desejos e a resposta veio no momento exato. Ele soube tirar proveito do apoio recebido da iniciativa privada e do Poder Público para concepção de uma megaprodução.

O show, realizado nesta quinta-feira, 14, teve como o principal cenário o mais belo dos belos teatro da América Latina; o Artur Azevedo ou Apolônia Pinto. Com a direção geral e artística de Marcelo Flexa e a musical de Murilo Rego, o espetáculo começou com alguns minutos de atraso e uma platéia morna. Mas não foram motivos para tirar o brilho do show. Tutuca abriu a festa “djavaneando” na canção inédita “Tudo é Nada”, de autoria dele e Celso Reis. Depois incursionou por velhas e boas canções, tais como, “Beijo de Luz” (dele/Reinaldo Barros/César Nascimento) e “Em Busca da Glória” (dele/Luis Lobo/Mano Borges), numa atmosfera do Caribe estendida com “Passeio em Roma” (dele/Djalma Chaves). Ao interagir com a platéia, Tutuca falou que a música foi concebida na capital italiana e nada mais recomendável o dueto com Djalma Chaves, incrementado pelo sax de Sávio Araújo, e a banda composta por: Oliveira (bateria), Ronald Santos (guitarra), Jeca (percussão, Rui Mário (teclados e sanfona), Serginho Carvalho (baixo) e Firmino, Raquel e Francivaldo (backing vocals).

Já no momento intimista da primeira parte do show, espaço garantido para a inédita “Inverno da Canção” (dele/Cruz Neto). E mais uma vez Sávio Araújo onipresente para um outro solo rasante e um “feedback” positivo do público. Ainda como parte introspectiva do show uma reverência a sagrada família. Tutuca homenageou a mãe Ester com a canção “Ser Ester”, (dele/Luís Lobo), e versos declamados pelo irmão Pedro Ivo. Entre uma balada e outra vieram “Transversa” (dele/Lúcia Santos, irmã de Zeca Baleiro) e “Quando Você Passa Por Mim” (dele), encerrando a primeira etapa do show.

Depois do intervalo o samba pede passagem “Em Tudo Pode Acontecer” (dele/Zé Filho) e a participação da filha, Mariana Viana. Uma adolescente de voz singela, sensível musicalmente. Se tiver realmente vocação pela música e seguir trilha do clã pode surgir como uma promessa na cena local. Na viagem pela cadência do samba não podemos esquecer o time, liderado pelo arranjador Arlindo Pipu (violão). A banda tinha ainda em sua formação: Paquito (surdo), Josimar (tantan), Nilton Pastor (repique), Jeca (pandeiro e tamborim), Jorge Roberto (cavaquinho), Luiz Gonzaga (sax tenor), Júlio (flauta), Ferreirinha (trompete e flugelhorn) e Antonio Paiva (baixo acútisco). De repente a platéia acorda, aplaude e tira discretamente o pé do chão (brincadeira em cima do jargão utilizado por artistas do axé baiano). Também pudera, Tutuca executa “Eu Gosto de Samba”, no melhor estilo João Nogueira, feito em parceria com Gerude, e que não estava no script. Tutuca explicou que foi uma maneira para pedir a recuperação do parceiro, que se encontra dodói temporariamente.

Na seqüência Alcione sobe ao palco como convidada do protagonista da noite. Tutuca se referiu à frase dita por Roberto Carlos, no programa especial de Natal da Rede Globo, em dezembro do ano passado, ao dizer que: “são tantas emoções ter Alcione ao meu lado”. A artista retribuiu aos elogios, rasgou seda ao músico, brincou com a banda e resolveu trabalhar. Ela teve pouco tempo para um contato com o samba de gafieira “Dança dos Pavios” (dele/Lula Bossa/Chico da Ladeira/Reinaldo Barros) e o outro “Conversa de Comadre (dele/Luis Lobo) o que acabou em algumas repetições. Após algumas falhas nossas, que servirão para o ensaio do “making off”, a Marrom encontrou o caminho das pedras. Soltou a voz e mostrou que o seu talento é incontestável.

O show “Melodias” teve mais participações. Uma delas foi a do vocalista da Tribo de Jah, Fauzy Beydoun. No gênero que domina com precisão, Beydoun interpretou a canção “Melodias” que dá título ao show, composto por Tutuca em parceria com o radialista João Marcos. Papete também participou utilizando como ferramenta inicial; o berimbau, bem executado em Juçatuba (dele/Reinaldo Barros). O percussionista permaneceu no palco para participar do momento mais dançante, proporcionado por “Cadê o Boi”, onde Tutuca dividiu o palco com o coral do Som do Mara (Celso Reis, Josias Sobrinho e Daffé). Além da toada, um pot pourri de tambor crioula veio logo atrás. “Maquio/Chamató” (Luís Lobo) e “Estrada da Vitória” (Luís Lobo). O autor da música, que se autointitula atualmente de Lobo da Siribeira, entra em cena. Com um espírito mambembe, cênico e cheio de atitude, ele deu conta do recado e acenou para o prenúncio de uma nova ordem sonora e orgânica, que para a indústria de rótulos, ecoaria como “tambor-beat”.

Se a vida é uma festa, Tutuca soube proporcionar uma, numa noite típica de quinta-feira a espera de um novo final de semana. No geral tudo acabou como exigem os deuses da música: Tutuca legitimando a sua alma brasileira em um show para eternidade.

3 comentários para "Tutuca: um artista de alma brasileira"


  1. Mariana

    Pedro Sobrinho, tens certeza que te refiriu a esse artista?

  2. Pedro Sobrinho

    Mariana, fui ao show do artista e te garanto. Vc. não sabe o que perdeu. Foi um bom show e é por isto que resolvi fazer referências ao mesmo. Tenho espírito otimista e de respeito ao trabalho alheio.

  3. Ademar Danilo

    Grande Pedrinho,
    Lá estive e assino embaixo de tuas observações.
    Acrescento ainda o bom astral do espetáculo, traduzido pelo carinho com que todos nós, da platéia, recebemos Tutuca.
    Ele é um artista que faz bem à cena musical maranhense.
    Abraços, compadre.

deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS