<img src=’https://www.blogsoestado.com/pedrosobrinho/files/2008/05/laradiolina.jpg’ align=”right”
Manu Chao acostumado a se sentir em casa em várias metrópoles pelo mundo, levando-as para as letras de suas canções, sentiu-se perdido na “grande Babylon” brasileira, ou seja, São Paulo. Disse ele: “não sei me orientar aqui, mas gosto desta bagunça”.
O músico, que virou ídolo da juventude antiglobalização desde o finalzinho do século XX, concedeu entrevista para falar do mais novo álbum “La Radiolina”, sobre os efeitos do download e do “chavismo” na Venezuela. Ainda afinado com os movimentos de esquerda e camiseta vermelha, Mano Chao se mostra animado com a Venezuela.
– Não me interessa falar de Chávez, ele está querendo protagonizar demais e isso não é bom. Mas essa euforia popular é muito bonita. O país ferve de idéias e de esperança -.
Apesar do entusiasmo revolucionário, “La Radiolina” é um álbum mais variado. A política perde espaço para faixas melancólicas e canções independentes umas das outras.
O recurso de usar bases melódicas parecidas, comum nos anteriores “Próxima Estación: Esperanza” (2001) e “Radio Bemba Sound System” (2002), aqui surge contido.
– As pessoas vivem dizendo que sou repetitivo, porque faço menções e uso referências de músicas do passado. Mas não acho essa crítica pertinente. Primeiro porque não me sinto obrigado a me dobrar diante dessa “ditadura do novo”. Minhas canções que têm continuidade seguem uma idéia que vai além dos discos. Depois, “La Radiolina” tem canções fechadas em si mesmas -.
Sobre os efeitos que o download de música pela internet está causando no mercado, Chao se diz dividido. “Depende. Para mim ou para o Radiohead, não faz diferença soltar músicas na internet. Mas as bandas novas terão mais dificuldade. Não por causa da tecnologia, a que todos têm acesso, mas porque a distribuição ainda é limitada. O que dizer dessa chamada “democratização” que a rede provoca quando 80% das músicas baixadas são por um único sistema, o iTunes, que pertence a uma grande corporação?”
Uma transformação que vê como inevitável diz respeito à formação das bandas. Se antes para formar um grupo de rock eram necessários apenas um baixista, um baterista, um guitarrista e um cantor, diz, agora a situação é outra.
– O cara que controla a música, que opera o computador, é um novo componente indispensável numa banda -.
Além disso, conclui, a única fórmula de sobrevivência no mundo da música hoje é fazer shows. “Para mim, é um prazer, nunca um problema. Mas para os que são excelentes músicos só dentro do estúdio, será mais difícil, terão de se expor mais. Mas é a nova regra do jogo.”
La Radiolina
O La Radiolina promove o retorno de Mano Chao a suas origens, inclusive quando era integrante do grupo Mano Negra.
Disco generoso, com 21 músicas e 51 minutos, La Radiolina segue os passos de Clandestino, grande surpresa de 1998, de Próxima Estação: Esperança (2001) e do disco ao vivo Radio Bemba Sound System (2002).
Sua marca registrada, canções com letras que misturam o castelhano, o francês e o inglês continuam presentes em La Radiolina, mas as inovações no som podem fazer com que o lançamento seja o grande sucesso do ano.
Algumas canções, em particular o single Rainin in Paradize, relembram o Mano Negra, grupo famoso de rock alternativo durante os anos 1980 e 1990 do qual Chao, 46 anos, foi um dos fundadores, juntamente com um irmão e um primo.
Os estilos preferidos de Manu Chao (rumba, baladas latinas, reggae, música africana, flamenco…) são enriquecidos por um toque punk ao estilo The Clash.