Enquanto São Luís é a capital da literatura até o próximo dia 27, Fortaleza se transforma na capital da dança. Será aberta neste sábado, dia 20, a VI Bienal Internacional de Dança do Ceará. Os coreógrafos franceses da atualidade, Jérôme Bel e Angelin Preljocaj abrem oficialmente a Bienal, a partir das 20h, no Theatro José de Alencar.
A bailarina Isabel Torres, há 25 anos profissional do Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, interpreta uma criação de Bel, o encenador francês que se tornou sinônimo de ruptura na dança contemporânea. Com o título Isabel Torres, esta é a primeira peça do coreógrafo para uma companhia da América Latina. Trata-se de uma viagem pela história do balé e pelo cotidiano dos corpos de baile em todo o mundo.
De Angelin Preljocaj, serão apresentados na noite de abertura da Bienal de Dança dois espetáculos, Annonciation e Centaures. No primeiro, Preljocaj trata coreograficamente sobre o anúncio do anjo sobre as mudanças no universo íntimo de Maria, na interpretação de Virginie Caussin e Zaratiana Randrianantenaina. Centaures trata-se de um duo em que o coreógrafo reproduz gestos dos fogosos garanhões, desenvolvendo uma estética sensual onde monstros, metade homem, metade cavalo, se enfrentam sem outro objetivo que não a luta pela dominação do outro.
Ainda no sábado a programação da Bienal de Dança conta ainda com a mesa-redonda Curso de graduação e pós-graduação no Brasil Forma e Conteúdo, tendo como palestrantes Airton Tomazzoni (RS), Cristine Greiner (SP), Fernando Passos (BA), Leda Muhana (BA), Rosa Primo (CE) e Silvia Soter (RJ) e Mediação de Marcos Moraes (SP), das 10h30 às 13h no Centro Cultural Banco do Nordeste.
No mesmo local, às 15h30 e às 18h, a companhia cearense Vatá, da coreógrafa Valéria Pinheiro, apresenta Caçadores de Pipa, um mergulho na história do samba e no corpo ritual dos ritmos africanos. As pontes são com o sapateado e as matrizes de corpos das danças tradicionais brasileiras, em especial a nordestina. É um musical onde o corpo assume vários devires, tendo como principal objetivo, grafar o espaço no tempo atual com referências à
ancestralidade, fazendo disso uma cartografia de identidades. Ainda no CCBNB, das 16h às 17h30, tem Mostra Vídeo-Dança/CE, uma retrospectiva de parte da produção cearense em vídeo-dança nos últimos sete anos.
O suíço Yann Marussich faz uma intervenção nas ruas do Centro da Cidade, a partir das 16 horas com saída do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Procissão Pagã é o título desse trabalho associado ao carnaval e às procissões religiosas. Nas ruas, 18 bailarinos, músicos, performers e atores cearenses. O desafio desta parceria entre Suíça e Ceará é aproximar culturas, critérios, valores, estéticas. A montagem deste trabalho teve início em julho. Desde 1989 Yann Marussich cria performances e coreografias difundidas por toda a Europa. Dirige o Théâtre de lUsine em Genebra e tem criado solos, performances e Body-Art, considerados por ele gêneros em si mesmos.
A comunidade do bairro Bom Jardim, também receberá parte da programação da VI Bienal de Dança. Neste sábado, às 18 horas no Centro Cultural, a companhia cearense Vidança, dirigida pela coreógrafa Anália Timbó, apresenta Quintal de Mangue, espetáculo que faz referência à festa das marisqueiras e dos catadores de caranguejos, figuras cearenses próprias do litoral.
Toda a programação da VI Bienal Internacional de Dança do Ceará é gratuita.