Com seu som tradicional, Djavan lança novo CD, Matizes, décimo oitavo de sua carreira. A marca do compositor é facilmente reconhecível não só nas composições como também na construção dos arranjos. Djavan segue carreira com sua fórmula de sucesso sem surpreender e nem decepcionar. Uma nova coleção de boas músicas, editadas por sua própria gravadora Luanda Records.
Com a carreira vitoriosa, sua intenção não é procurar novo público e nem conquistar ninguém. Apenas agradar a grande multidão que já conhece seu trabalho. Djavan está confortável com sua marca pessoal, que garante boas vendagens e lotação esgotada em seus shows. Se os antigos sucessos são simplificados ao extremo em bares da vida, sua produção tem um andamento próprio, marca pessoal do artista. Matizes continua essa história vitoriosa, trazendo à luz doze músicas inéditas, mas com aquele sabor de que a gente já conhece.
A forte Mea culpa tem ecos de uma guitarra quase roqueira. Assim como a faixa anterior, Azedo e amargo, com mudanças de andamento, é um ponto alto do disco, candidata a ganhar o público. Mas Djavan não convence fazendo seu protesto-bossa nova em Imposto. Melhor voltar a falar de amor. Ele logo se redime com um gostoso samba exaltação a um Rio turístico de cartão postal. “Um econtro colossal/E contorno de beleza igual/Nunca vi”, derrete-se. “É muito fácil sentir a mão de Deus em tudo”, garante o compositor alagoano que escolheu a cidade para viver.
O irresistível balanço de Desandou é prima-irmã de Acelerou, hit dos anos 90. Dessas músicas que dão prazer ouvir na rádio. Mas a primeira a ser trabalhada foi Pedra, que entrou na programação algumas semanas antes do lançamento oficial do CD. Entre uma e outra na ordem do CD, Adorava me ver como seu, que mantém o balanço com brilho especial para o baixo de Sérgio Carvalho. A trinca final é das melhores partes do disco, com um sotaque mais pop.
A banda que acompanha Djavan também é personalizada. Ao lado do artista em shows e discos há quase dez anos, já conhece bem os caminhos da música do compositor. Entre os músicos traz dois filhos de Djavan: João Viana (bateria) e Max Viana (guitarra). A formação completa com piano e teclado de Renato Fonseca e os sopros de Marcelo Martins, Walmir Gil e François Lima.
Djavan é um artista estabilizado no estilo criado por ele mesmo. Sua linguagem musical é banalizada por aí, mas sua preocupação com a qualidade é bem mais criteriosa. Acomodado em sua casa, em seu estúdio caseiro, em sua própria gravadora, o artista cria novas músicas para o público de sempre. Quem for ouvir já sabe o que esperar. Sem chances de decepção.
Fonte: Crítico Musical Beto Feitosa