Amy Winehouse impõe alma negra na música
Aproveitei a noite preguiçosa desta segunda-feira, para ler um pouco e como trilha sonora a voz estonteante da Amy Winehouse, a mais nova sensação do pop inglês.
Comprei o disco da nova diva da música negra na viagem que fiz recentemente no Rio e em Brasília. Na garimpagem feita em uma das lojas da FNAC, na capital federal, descobri essa pérola. Foi um amor a primeira ouvida ! “Back to Black, título do disco da artista, virou o meu disco de cabeceira. A cada audição vem a impressão de estar curtindo a programação da rádio Antena 1, especializada em flashbacks. O timbre de Amy Winehouse, 23 anos, é de um vocal de cantora negra bem velha, com aparência de Dreamgirls, o filme estrelado por Beyoncé Knowles, que conta a história das Supremes.
Em pesquisa feita sobre a vida da artista descobri a mesma já existe há algum tempo e ela já teve influências de hip hop e jazz em seu primeiro disco, Frank (2003), sem muito sucesso. Num meio recheado de gente que tenta recriar os “sons de uma época” – coisa que acontece bastante no rock, em grupos “oitentistas” modernos como She Wants Revenge – ela ajuda a criar a demanda por uma sonoridade que é totalmente voltada para o soul pré-fabricado dos anos 60.
Em seu disco novo, “Back to Black”, até a qualidade de gravação lembra essa época. Para fazer um link com o que se espera do pop atual, até o visual dela (lembrando uma diva na capa do primeiro disco) sofreu uma repaginada, com cabelos revoltos, aparência mal-dormida e algumas tatuagens à mostra.
Em “Back to Black”, que tem apenas composições dela própria (algumas em parceria), Amy revisita o som de girl-groups como Martha Reeves & The Vandellas, Supremes e Shangri-Las (esse, com direito a agradecimento no encarte) em faixas como “Tears dry in their own” e no primeiro hit, “Rehab”. Esta, por sinal, é barra pesada – a letra – cujo título, em bom português, é “reabilitação” – trata dos problemas da cantora com o álcool, já conhecidos publicamente.
Músicas como “You know I’m no Good” e “Love is a losing Game” poderiam ter saído da mão de um Otis Redding e estar no repertório de uma Aretha Franklin – o que não é motivo para ninguém sair endeusando a moça (como diz o ditado: notícias, sucessos pop, salsichas, mariola… se for consumir, melhor não ver como nada disso foi feito). Nas letras, Amy larga qualquer condição de musa soul que o mercado poderia lhe impor e vem com uma carga pesada – problemas existenciais, relacionamentos complicados, etc.
Quem quiser dar uma sacada no som de Amy antes de comprar ou baixar o CD, vale informar que ela tem um MySpace – oficial, com direito a endereço na contra-capa do disco e tudo. Fica em www.myspace.com/amywinehouse.