São Luís: dona da uma noite atípica e misteriosa

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Ser produtor cultural em São Luís é conviver com o mistério da noite ou então apostar no óbvio para obter sucesso. É difícil entender uma cidade, Patrimônio da Humanidade, com possibilidades turísticas, ter uma noite tão confusa no segmento formador de opinião.

O que aconteceu na última sexta-feira, 20, na Associação da Ponta D`Areia, e no último dia 13, no Ceprama, com cancelamentos de shows por falta de público merece uma análise aprofundada, principalmente quando o assunto é o movimento rotulado de alternativo em São Luís.

Às vezes questiono, será que o problema é de ordem econômica, ou falta de conhecimento, ou descaso em buscar a informação. Uma coisa que observo muito na noite da cidade, em especial onde estão reunidos ‘aqueles a nível de’… é que as pessoas não se divertem, ou seja, saem de casa para reclamar, torcer contra quem tem atitude e coragem de fazer acontecer. “São Luís não tem noite”. “É uma cidade parada”. “Não se assiste nada de inovador”. “Aquela festa, aquele show, não vai dar certo”. Quando a coisa se concretiza o que se vê são essas pessoas criticando o preço do ingresso, o local do evento. Enfim, são “jargões”, reclamações, pessimismo, que me incomodam profundamente.

Com todas as dificuldades enfrentadas, tipo, falta do velho patrocínio, do isolamento geográfico, existem pessoas em São Luís que vão na contramão da história. Tentam tirar a ilha do marasmo cultural, oferecendo shows bons e baratos. Muita das vezes o resultado é desastroso e frustrante para o produtor cultural.

Engraçado que os dois cancelamentos de shows ocorridos em julho, mês de férias, foram justamente com o reggae, essa vertente que o maranhense adotou e faz questão de falar para o mundo inteiro que “São Luís é a capital brasileira do gênero”. “A Jamaica Brasileira”. Não sei, não, será que esses conceitos não passam de um discurso equivocado ? Como é que pode uma figura como Andrew Tosh, filho do lendário Peter Tosh, visitar pela primeira vez a cidade que se autodenominou a maior divulgadora do som jamaicano no Brasil não realizar o show por falta de platéia ? Em Fortaleza, foram vendidos 6 mil ingressos para ver Andrew.. No Rio de Janeiro, quase 10 mil pesoas assistiram ao show do herdeiro de Peter Tosh. Um detalhe: as duas capitais brasileiras não estão rotuladas como a “Jamaica Brasileira” ?

Ao perceber uma figura pelas ruas e bares da cidade com a mala do carro importado aberta ouvindo em alto e bom som um Reginaldo Rossi, Silvano Salles, Capim Cubano, Katrina, Aviões do Forró, entre outras pegadas populares, cheguei a conclusão de que essas pessoas é que são felizes, pois não questionam, agem.

4 comentários para "São Luís: dona da uma noite atípica e misteriosa"


  1. Luiz Renato

    Tô chegando em são luís agora, como ficar por dentro dos eventos alternativos da ilha? Não é o caso do show do Andrew, mas sinto uma dificuldade em saber onde serão realizados os eventos menores…

  2. Anônimo

    atípica ilha que ja se encheu de luz!!

  3. Anônimo

    É lamentável Pedrinho, mas tens toda razão. Estive lá na Ponta D´areia para assistir o show do Andrew Tosh. A estrutura estava muito boa: som, espaço, luz … . Mesmo assim ainda têm aqueles que precisam reclamar de alguma coisa, nesse caso então reclamariam do valor do ingresso – Mas e a média de 120 cortesias que provavelmente foram distribuídas??? É Pedrinho, está cada vez mais complicado assitir ou investir em bons eventos em São Luís!!
    O Show do Eric Donaldson foi cancelado. Caramba! em Belém – cidade mais conhecida pelo tecnobrega – foi sucesso total ! O cantor lotou o Açaí Biruta em um domingo a noite!! Em seguida vem para a “capital brasileira do reggae” e não consegue público para se apresentar… Ah!! parabéns pelo seu blog!!

  4. Roberta Gomes

    Eu também estive lá e fiquei triste, com vergonha. É chato você sentir vergonha pela sua cidade, por seus conterrâneos. Como você disse: na “Jamaica Brasileira” o filho de Peter Tosh não tem platéia?? Como assim??
    Mas os shows de axé, forró, brega (sem querer desmerecer esses ritmos) estão lotados.
    Também não consigo entender esses mistérios que rondam a noite de São Luís.
    No caso específico do show do Andrew, acredito que poderia ter tido mais divilgação… mas ainda sem ela acontecer, era para ter mais gente, até pelo boca a boca entre os ditos “alternativos”.

    Bom, de certo quem perdeu fomos nós que deixamos de assistir a um show que está fazendo maior sucesso no resto do país… mais uma oportunidade de boa música perdida.

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