O tambor de crioula é uma dança afro-brasileira encontrada no Maranhão e praticada sobre tudo por afrodescendentes. A principal característica coreográfica da dança é a formação de um círculo com solistas dançando alternadamente no centro. Um de seus traços distintivos é a Punga ou Pungada, (a umbigada).
A música que acompanha a dança é tocada por três tambores de madeira com couro preso por cravelhas em uma das extremidades e fixados por fricção. Os tambores são afunilados e escavados. Atualmente utilizam-se também tambores de cano plástico PVC.
O tambor maior, chamado de tambor grande é o solista. Há dois outros tambores, o segundo chamado de “meião” ou “sucador”, que estabelece o ritmo básico de 6/8 e o terceiro “crivador” ou “pererengue” que realiza improvisos em 6/8. A música africana é freqüentemente caracterizada como sendo polimétrica, porque, em contraste com a música ocidental, cada instrumento no conjunto, possui medidas diferentes, permitindo diversas possibilidades de variação e de improviso para o tambor que lidera o grupo. Após serem tocados, os tambores são colocado diante de uma fogueira para afinar o couro. Os tambores são similares aos utilizados no culto Mina-Jêje, originário do antigo Reino do Daomé.
O tambor grande é amarrado à cintura do tocador chefe, de pé, preso entre suas pernas. Os dois menores são apoiados no chão, sobre um tronco, com os tocadores sentados sobre os tambores entre suas pernas. Um ajudante, agachado atrás do tambor grande percute duas matracas, produzindo interessantes variações de acompanhamento.
Cada cântico se inicia com um solista que toadas de improviso ou conhecidas, repetidas ou respondidas pelo coro, composto por homens que se substituem nos toques (coreiros) e por mulheres dançantes (coreiras). Os cânticos possuem temas líricos relacionados ao trabalho, devoção, apresentação, desafio, recordações amorosas e outros.
O tambor de crioula é sobre tudo uma dança para diversão, mas costuma ser realizada em homenagem a São Benedito, padroeiro dos negros do Maranhão, que representa o vodum daomeano Toi Averequete. Em muitos terreiros de tambor de mina (nome mais comum dado à religião de origem africana no Norte do Brasil), há entidades religiosas que gostam de festas de tambor de crioula. Estas festas costumam ser realizadas ao longo de todo o ano, inclusive no período junino e Carnaval.
São Luís está em festa, pois além de receber a Tocha Olímpica dos Jogos Pan Americanos 2007, que acontece entre os dias 13 e 29 de julho, no Rio de Janeiro, o tambor de crioula, essa manifestação singular da cultura maranhense passa a condição de Patrimônio Cultural do Brasil. A solenidade para anunciar o registro vai acontecer no próximo dia 18, na Casa das Minas, e contará com a presença do Ministro da Cultura, Gilberto Gil. Uma premiação justa para uma brincadeira que ainda se mantém viva e verdadeira, onde até a cantora Marisa Monte e Alcione(foto scaneada) se renderam a magia da brincadeira, em 2001, na ilha.