Surpreendente Céu
Na semana passada, a cantora paulista Maria do Céu esteve no Talk Show, do Jô Soares, na Rede Globo. No programa, ela falou da bem sucedida carreira, das influências musicais e sobre o que ainda pretende fazer para consolidar-se no tão confuso e difícil cenário musical brasileiro.
A jovem cantora, de apenas 25 anos, foi a grata surpresa da edição carioca do TIM Festival 2006, onde mostrou faixas do disco intitulado apenas Céu, lançado pelo selo Ambulante. Ao manter contato com o trabalho, a primeira impressão foi com a capa do disco. Veio à máxima de Vinícius de Moraes: “A Beleza é Fundamental”. Mas, é bom que se diga o encanto de Céu transcende a aparência.
Ao ouvir cada faixa do disco foi estar diante de um CD de estréia marcado pela ginga e elegância.
Dotada de seu próprio universo, em um primeiro momento talvez seja difícil definí- la musicalmente, porém ao final da audição tudo se encaixa e se define. A partir daí, será facil reconhecê- la.
A primeira surpresa é sua voz aveludada e encantadora, e a vontade de posicionar-se na contramão dos formatos habituais da música brasileira. Ela opta por um formato intimista e acústico, às vezes parece soar linear, mas para os ouvidos sensíveis o disco aparece como uma boa opção e traz um apelo de renovação na Música Popular Brasileira.
O CD é uma espécie de elo entre o urbano e o tradicional. Uma sonoridade privilegiada, onde o hip hop, o reggae, o jazz e a música brasileira se encontram, onde as sonoridades eletrônicas se transformam simplesmente em uma alquimia antropofágica.
Sensivelmente bem servida pela produção complexa e minimalista de Beto Villares, responsável pela roupagem moderna eletroacústica do disco. Beto tratou os elementos com extrema elegância e simplicidade, indo direto ao essencial.
Entre as preferidas na audição estão: Lenda, Roda, O Ronco da Cuica (João Bosco/Blanc) e a versão insinuante de Concrete Jungle, do rei do “rastafarianismo” Bob Marley.
. Personagem discreta, madura, audaciosa, reservada e convicta de seu caminho musical. Com o primeiro disco, ela se inscreve definitivamente na linha dos artistas responsáveis em criar uma nova página na história da música brasileira, embora seja a tarefa difícil.