Com a palavra… Bruno Duailibe
A noite desta segunda-feira (23) terá sabor especial para Bruno Duailibe. É que o advogado e ensaísta de O Estado MA – cujo os textos também são publicados em Hot Spot – lança seu livro de estreia, “Essência Fragmentada”, que reúne boa parcela das crônicas que já publicou. A noite de autógrafos acontece no Hotel Pestana, e promete ser o agito literário da temporada.
A propósito: o blog reproduz agora a crônica mais recente de Bruno para O Estado. Na verdade, o texto foi o discurso proferido por ele durante a solenidade de posse do Desembargador Ricardo Duailibe, dia 13 último.
Um homem diferenciado
Desejo trazer às minhas palavras aquilo que trago em meu coração.
E o que trago em meu coração, mais do que amor, é júbilo de ver o Dr. Ricardo Duailibe, agora como um membro do Poder Judiciário maranhense.
Não falo do orgulho que sinto como primo, ex-estagiário e colega enquanto fomos os dois advogados. Também não falo como seu declarado admirador. Falo do orgulho que sinto como cidadão.
Nessa condição, tenho incontida satisfação de perceber que seus valores e virtudes se somarão à excelência de seus pares e que ele concorrerá para a consolidação da história do Tribunal de Justiça do Maranhão, que está na iminência de gravar as primeiras linhas do seu terceiro centenário.
Digo isso porque sei que o Desembargador Ricardo é um homem diferenciado ou um homem “diferente”, como preferiu chamar o Desembargador Marcelo Carvalho na sessão do Pleno de 07.08.2013, que resultou na formação da lista tríplice liderada pelo homenageado. O adjetivo, seja qual for a forma empregada, bem sintetiza a pessoa e o profissional Ricardo Duailibe.
Com 58 anos de idade e 35 de profissão, o agora Desembargador Ricardo apresenta-se como um homem de uma envergadura oceânica, marido amado, pai honrado, irmão querido, possuidor de amigos e prezado por seus colegas juristas, entre os quais sempre foi considerado um verdadeiro gentleman com irretorquível conduta pública e privada.
E aqueles que já tiveram a oportunidade de com ele ter um breve contato podem atestar que são justas as qualidades arroladas, além de inúmeras outras que deixei de aqui apontar, mas de que ele é detentor.
Já para os que ainda não o conhecem, talvez valha a sabedoria de Sêneca, para quem “os fatos devem provar a bondade das palavras”. Eu, privilegiado que fui em conviver, desde menino, com o Desembargador Ricardo Duailibe, tive inúmeras e irrefutáveis provas de suas qualidades em diversas ocasiões, sendo uma, que me marcou indelevelmente, quando com ele fiz o meu primeiro estágio, ainda no segundo período do curso de Direito.
Naquela época, o então advogado Ricardo Duailibe me conduziu para assistir, na qualidade de seu estagiário, à minha primeira audiência de instrução e julgamento. E depois de ter sabatinado a parte contrária, ao final e antes de encerrar as suas indagações, ele se tornou para mim e, sussurrando em meu ouvido, perguntou se eu não teria algo para lhe sugerir.
Aquela, como já dito, foi a minha primeira audiência. Não esqueci aquele fato, igualmente, porque era a primeira vez que eu olhava um Juiz investido dos poderes de uma toga. E o Dr. Ricardo Duailibe deixou claro o grau elevado de sua humildade, pois ele já tinha arrancado a confissão da parte. Já tinha deixado evidente, através das respostas obtidas com as suas perguntas, a falsificação grosseira dos fatos criados pela ex-adversa. E, mesmo assim, ainda abriu espaço para o seu mais novo estagiário.
Ora, para um entusiasmado estudante como eu, aquela atitude não tinha como deixar de ser antológica. Ali, atingi o meu primeiro clímax no Direito.
Hoje, analisando as inúmeras qualidades profissionais que o Desembargador Ricardo Duailibe tem, vejo que nada disso poderia ter sido diferente, já que seu mestre e mentor foi ninguém menos, do que Kleber Moreira, que, como advogado, é definido numa palavra: completo.
Nesse momento, pode ocorrer a alguém um pouco mais racional, que minhas palavras reverberam mais o que vai ao meu coração do que a realidade. Podem outros pensar que, para ser um magistrado, deve-se ser mais do que bom para cumprir rigorosamente com o seu papel.
De fato, a arte de julgar exige diversas qualidades. E o Desembargador Ricardo Duailibe, não há dúvida, reúne todas elas.
Basta ver que, durante as fases que envolveram o processo de investidura e escolha para a vaga do Quinto Constitucional, foi justamente a sua essência, que serviu de fundamento para que ele seguisse à fase seguinte. Pelo menos, foi isso o que eu ouvi nas sessões que antecederam a formação da lista sêxtupla, quando o Desembargador Ricardo recebeu o voto de 31 dos 33 votos possíveis dos seus ex-colegas advogados, e da lista tríplice, quando escolhido de forma unânime por seus, agora, pares no Tribunal de Justiça.
A sua natural nomeação pela Governadora do Estado do Maranhão não poderia ter sido mais acertada, com vênias redobradas aos demais candidatos, todos, indubitavelmente, gabaritados para o exercício de tão relevante função. Mas, minha afirmação não é apenas porque o Desembargador Ricardo Duailibe tem diversos predicados; não é porque ele dispõe das melhores qualificações para exercer o dever de julgar. É, além disso tudo, pelo que dizem os economistas Knut Wicksell e Kenneth Arrow em seus estudos sobre as decisões e escolhas públicas. Segundo eles, quanto mais próxima da unanimidade se der a aprovação de uma decisão política, mais estarão salvaguardadas a justiça e a eficiência das decisões coletivas assumidas em prol da sociedade.
À luz dos ensinamentos desses estudiosos, devo afirmar que a candidatura do Desembargador Duailibe pode até ter surgido, inicialmente, de um puro interesse pessoal, mas, com certeza, depois de seus primeiros passos, ela ganhou contornos de interesse público.
E, no exercício do dever para o qual foi escolhido, estou certo de que as ações dele confirmarão estas palavras e todas as outras que foram ou virão a ser proferidas em sua homenagem, assim como também tenho a convicção de que o orgulho que sinto hoje ao ver o Desembargador Ricardo Tadeu Bugarin Duailibe ascender e exercer o cargo para o qual foi nomeado, será, certamente, muito, mas muito menor do que aquele que todos nós sentiremos quando da conclusão do seu irretocável mister jurisdicional.