Puxão de orelha (daqueles!) na elite brasileira
“Tá cada vez mais down the high society”, já advertia Elis em “Alô, Alô, Marciano”. Mas foi de um assíduo frequentador das altas rodas tupiniquim, Nizan Guanaes, o alerta mais contundente de que a elite brasileira, de maneira geral, possui cultura e bagagem intelectual desproporcionais às sua fortunas.
Em tom de “puxão de orelha”, o publicitário baiano, dono do maior grupo publicitário do País, o ABC, trata do assunto na crônica que assina para RG, intitulada “Procura-se uma nova classe alta“.
“Ninguém que tenha aberto um livro será capaz de, num mundo desigual como o nosso, abrir champanhes magnum a rufar de tambores e piscar de luzes. Dinheiro sem livro faz garotos ruidosos e meninas caladas. Gente mal vestida com as melhores grifes. E que não sabe se comportar no mundo”, afirma, entre outras colocações, o figurão do mercado publicitário brasileiro. Para, em seguida, resumir este mesmo grupo social em “gente caipira”!
Não é a primeira vez que Nizan trata do assunto: em outubro de 2012, lembro do texto publicado por ele no jornal Folha de São Paulo”, inclusive com título parecido com o do atual. Em “A nova classe alta”, ele também chamava atenção para a falta de preparo da elite brasileira – confira aqui.
É inquestionável que as colocações do publicitário são pra lá de oportunas! Tomara, portanto, que seu poder de persuasão – imbatível para vender produtos e promover marcas – sirva, ao menos, para despertar uma reflexão na cabeça dos nossos endinheirados.