Aproveitando a ocasião da postagem da mais recente crônica assinada por Bruno Duailibe, também publicada no último domingo, 12, na coluna “Opinião” do jornal O Estado MA, Hot Spot aproveita para anunciar que nosso cronista especial vai realizar seu grande sonho de ser pai. Ele e a esposa Ana Clara acabam de descobrir que o primeiro filho do casal está a caminho. Viva! Como já disse antes, o expediente da cegonha vai ser frenético pelos próximos tempos! Bom… Depois do gossip do dia, vamos ao texto de Bruno!
Exemplo de cidadania
Este artigo está sendo escrito por mim em uma manhã de sábado. Estou redigindo sob intensa excitação e não me lembro disso já ter ocorrido antes. No decorrer do artigo vocês entenderão perfeitamente o porquê.
O certo é que eu já tinha lido os jornais, estava de banho e café tomados, pronto para ir à academia de ginástica.
Antes, porém, resolvi alimentar o meu vício. E então fui ao computador para checar meus e-mails. A propósito, soube que há programas para esse tipo de dependente, cujo objetivo é combater a obsessão compulsiva na verificação de e-mails. Todavia, esse vezo que aflige a maioria dos internautas pode se configurar em tema, de repente, para outro artigo.
Voltando à sequência do meu raciocínio, havia apenas um e-mail na minha caixa de entrada. Tinha sido enviado por Flávio Gomes Assub, um cara fantástico e grande amigo meu.
Nesse e-mail Flavoca recomendava que eu assistisse ao Lip Dub postado no youtube que estava ali anexo.
Eu preciso abrir parêntese para confessar que até então a minha ignorância não permitia que eu soubesse o significado desse negócio chamado Lip Dub. Mas, o remetente tratou logo de me explicar que “é a onda atual de clipes em que várias pessoas dublam uma música qualquer, sem corte (aí está o grande lance), com a câmera em movimento. É difícil. Precisa de muito ensaio porque não tem edição”.
Muito que bem.
Para aguçar a minha curiosidade ele escreveu no e-mail sobre a origem da filmagem.
Assim, ele esclareceu que um artigo da famosa revista “Newsweek”, tinha classificado uma cidade americana chamada Grand Rapids, localizada no Estado de Michigan, como a mais “moribunda” dos Estados Unidos.
E que a população dessa cidade, revoltada com o achincalhe, respondeu à revista por meio do Lip Dub que deu origem a este artigo.
Imediatamente, peguei o mouse do computador e cliquei no símbolo de play que dá início à filmagem.
Assistir aos primeiros segundos do citado Lip Dub foi o necessário para a retirada do tênis com o qual eu iria correr na esteira. É que, sem ver o desenvolvimento e a conclusão, eu já tinha decidido que a academia e o professor Joe Caldas não mais me veriam no dia de hoje. Só pelo início eu já sabia que escreveria sobre o assunto quando o vídeo chegasse ao final. Dito e feito.
A filmagem é irretorqúivel.
Verdadeiro exemplo de cidadania que cinco mil pessoas unidas estão dando para o mundo.
Jamais assisti a um filme, nem mesmo os dirigidos por Spielberg, Tarantino ou Coppola, que me proporcionasse tanta emoção positiva e arrepio quanto essa amadora filmagem.
Estou intalado até agora, mesmo sem ter chorado. Enquanto assistia, meu coração não batia do lado esquerdo do peito. Ele palpitava, mas em cada instante era num lugar diferente do meu corpo. Ao final, por exemplo, a palpitação estava na minha boca. Isso é tão inédito quanto fascinante!
O clipe, de fato, não tinha como deixar de quebrar o recorde mundial de visitas no youtube.
A cidade atingida está toda mobilizada. Um conjunto harmonioso formado por cidadãos, crianças, idosos, corpo de bombeiros, servidores de hospitais, órgãos governamentais, empresários e até um casamento de verdade com o tema American Pie, de Don Mc Lean, dominam a cena.
De uma clareza ofuscante, só por si, a película comprova que a badalada revista, quanto ao pormenor, não fez por merecer o renome que tem. Houve uma injustiça, que agora está mais do que reparada. Não pelo Judiciário dos EUA, tampouco pela retratação até então inexistente, mas pela evidência proporcionada pelo vídeo de que “moribunda” não é aquela cidade. Ela está, na verdade, é cheia de vida.
Rigorosamente falando, esse Lip Dup despertou em mim foi um real interesse em conhecer Grand Rapids. Quem sabe um dia…
E mesmo sem ser nascido ali, fui invadido por uma vontade enorme de ter participado ativamente daquela manifestação. Sinceramente, eu queria estar lá no meio daquela gente injustiçada.
Com o perdão da quase repetição, em termos de educação moral e cívica, resgate de dignidade e mobilização social não há paradigma maior, inclusive podendo servir de estímulo para todos os cidadãos de São Luís, que mais do que nunca precisam mostrar a sua vivacidade para não permitir que a nossa Ilha do Amor venha a agonizar num futuro próximo.
Esse vídeo, que também desperta o sentimento de paz e amor, enfim, deveria ser exibido, obrigatoriamente, em todas as salas de aula do mundo e posteriormente debatido entre professores e alunos.
Senhoras e senhores, reúnam as suas famílias e assistam, se possível de mãos dadas e com o espírito aberto, a essa verdadeira lição, constituída por um dos melhores clipes dos últimos tempos.
Para tanto, basta digitar no youtube as expressões Lip Dup e Grand Rapids.
Antes disso, respirem profundamente!
Bruno Duailibe, advogado. Graduado pela Universidade Federal do Maranhão. Pós-Graduado em Direito Processual Civil no ICAT-UNIDF
*Ilustração: Salomão Jr.