Acorda, Oton Lima!
Na tarde de sábado (2), indo ao encontro dos meus pais, que almoçavam no “Cabana do Sol”, dei de cara com o cantor Ney Matogrosso logo na entrada do restaurante. Ele, que se apresentaria naquela noite em São Luís, estava acompanhado de sua entourage, e parecia bastante à vontade, descontraído. Passou uns cinco minutos em pé ali, esperando a condução que provavelmente o levaria de volta para seu hotel. Era alvo fácil para quem quisesse abordá-lo, tirar uma foto e, para os mais destemidos, até trocar algumas palavras. Mas não foi para mim.
Até agora estou me torturando: como deixei essa oportunidade escapar? Antes que pense que sou um desses tietes que não pode ver nenhum famoso que sai logo correndo em cima, estou me referindo mesmo à oportunidade de um furo para este blog. Ney é conhecido pelo pouco caso que faz com a imprensa. Ele quase nunca dá entrevistas ou coisas do tipo, mas naquela situação, tudo muito casual, ele com um aparente bom humor e solícito ao assédio tímido, mas ainda assim assédio, do pessoal que estava por lá, tenho certeza de que conseguiria render alguma matéria. Nem que fosse o simples registro de um artista daquele quilate em um dos endereços mais tradicionais de nossa gastronomia. Só isso já daria uma ótima nota. Mas não, tinha que deixar a timidez tomar conta de mim. Ou será que a ficha de que sou um repórter, alguém que precisa estar atento a tudo e a todos e, de preferência, registrar o mais rápido possível ainda não caiu?
Engraçado, outro episódio parecido já aconteceu no mesmo lugar. E nem adianta eu vir com a desculpa esfarrapada de que fiquei bloqueado com essa ou aquela situação específica, que não isso cola. Já está passando da hora de eu dimensionar onde estou e o que estou escrevendo (a falsa modéstia mandou lembrança!). É claro que ainda estou me experimentando; tentando descobrir – sobretudo com os erros – quais os melhores assuntos para ser dialogado com os leitores de Hot.Spot. Só que não dá para brincar em serviço – até porque as próprias brincadeiras devem ser tratadas como serviço por mim. A pior cobrança não é a que seu chefe te faz, nem a da opinião dos palpiteiros de plantão, as piores são as que você mesmo faz de si.
Ah, outra coisa imperdoável foi não ter ido nesse show. Como eu pude não ter ido? Logo eu, que vivo reclamando da falta de bons nomes da MPB nos palcos da cidade. Foi uma falta inclassificável. Segundo uma colega da redação que foi: “Inclassificáveis” é um show imperdível.
Não adianta mais chorar pelo leite derramado. E como diria a canção de Cazuza, cantada lindamente por Ney Matogrosso: “O tempo não pára. Não pára, não, não pára”.