Um passeio pela história de São Luís, assim foi encerrado na manhã do último sábado (27) o 2º Encontro Brasileiro das Cidades Históricas, Turísticas e Patrimônio Mundial, evento promovido pelo Governo do Maranhão e a Confederação Nacional de Municípios (CNM), com a realização do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Maranhão (Sebrae/MA) e em parceria com a Prefeitura de São Luís. O evento que reuniu 450 participantes vindos de todo o país e do exterior, levou ao Centro Histórico da capital aqueles que queriam ver mais de perto a Atenas Brasileira.
Coordenado pela Fundação Municipal de Patrimônio Histórico, o passeio “Caminhos da memória” permitiu que dezenas de participantes conhecessem um pouco mais da arquitetura colonial portuguesa ao visitar o centro antigo de São Luís. A visita técnica foi iniciada em frente à Câmara de São Luís, passando pelo Mercado Municipal e pela atual sede da Defensoria Pública do Estado, prédio conhecido pelos balcões de pedra de cantaria e parede de argamassa – diferente dos característicos azulejos. O guia José de Ribamar Costa destacou, ao passar pela Rua Portugal, que São Luís possui o maior conjunto de fachada de azulejos da América Latina.
Moema Maciel, prefeita de Lençóis, na Bahia, demonstrou seu encantamento pela Ilha. “Conheço todas as capitais do Brasil e as principais cidades históricas, por isso posso dizer que nada se compara a São Luis. Esse passeio me deu a oportunidade de ver a expansão do sítio arquitetônico e ainda me deu a ideia de implantar oficinas de arte no meu município, fiquei maravilhada ao passar por aquele casarão cheio de cavaletes”, disse referindo-se à Morada das Artes e ao curso de pintura ministrado pelos artistas locais.
“Eu escutei o Maranhão”, destacou Josilene Cipriano, de Palmácia, no Ceará. “Fiz o passeio inteiro lembrando das falas de alguns painelistas do Encontro, e um deles disse que eu não só veria as belezas da cidade, mas que eu sentiria sua cultura e história em cada esquina, e isso de fato aconteceu. Ao chegar no Beco Catarina Mina escutei os tambores e senti o cheiro do peixe frito, quer lembrança maior que essa que vou levar? Isso marca a gente, vai no coração e vou voltar.”, pontuou.
O passeio pela cidade seguiu pela Rua do Trapiche, com parada em frente à Casa do Maranhão – a antiga Alfândega, e pelos casarões que hoje abrigam alguns bares. O Palácio dos Leões chamou a atenção pela história e beleza e alguns participantes pararam para visitar os salões. Já as casas de Ana Jansen e de Graça Aranha remeteram os visitantes a uma viagem no tempo. O passeio foi encerrado na Praça Benedito Leite mas mais da metade do grupo quis continuar e seguiu orientada pelos mapas distribuídos. As escadarias da rua do Giz, a Praça da Faustina e o Desterro foram os destinos seguintes.
Vânia Avelar, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Pernambuco, frisou a emoção que sentiu ao ver a cidade com alta recuperação. “Venho ao Maranhão há 30 anos, ainda quando trabalhava na Sudene e era responsável por esta área, então sei o que vi naquela época e o que vejo hoje, e isso me traz uma sensação de alegria imensa!”. Enquanto seguia pelas ruas que levam ao Convento das Mercês e à Igreja do Desterro, Vânia lembrava ainda da fala do Presidente do Tribunal de Contas de Minas Gerais, Sebastião Helvecio, que participou do painel ‘Governança nas Cidades Históricas para o Desenvolvimento do Turismo Brasileiro’: “Me impactou quando ele disse que as mesmas empresas que construíram a ponte Rio-Niterói são as que hoje estão sendo punidas, isso mostra que o tempo passou mas que a fiscalização segue e passe o tempo que passar haverá a responsabilização. O dinheiro é do povo e por isso tem que haver compromisso, continuidade nas gestões, respeito a todos, os governos estão aqui para servi-lo. Que todos levem esse depoimento para a vida e façam sempre o melhor que puderem”, disse ao fazer uma referência às obras, gestão e ao compromisso que devem ter com a população.
Com recorde de inscrições, o 2° Encontro Brasileiro das Cidades Históricas Turísticas e Patrimônio Mundial teve 16 horas de programação completamente técnica, “tratando de temas comuns entre as cidades participantes, como a preservação do patrimônio histórico, enfrentamento de problemas sociais, implantação de políticas de melhoria da infraestrutura e a promoção dos sítios históricos enquanto destinos turísticos”, pontuou Delma Andrade, secretária-adjunta de Cultura e Turismo do Estado.
No site www.cidadeshistoricas.cnm.org.br os participantes terão acesso aos certificados, arquivos e fotos do evento, e ainda à Carta de São Luís, documento final que conterá os pontos levantados no encontro que colocou o Patrimônio Histórico no foco das discussões.