País ocupa a posição 110 em ranking de 180 países elaborado pela ong Repórteres Sem Fronteiras
Levantamento da Ong Repórteres Sem Fronteiras aponta o Brasil como um dos países em que há deterioração da liberdade de imprensa. Entre os anos de 2020 e 2021, o país passou da 111ª para a 110ª posição no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa. O relatório avalia as condições para o exercício da profissão de jornalista em 180 países e territórios ao redor do mundo.
A lista é encabeçada por Noruega, Dinamarca e Suécia. No ponto mais baixo do ranking está a Coreia do Norte. O relatório também aponta Belarus, Rússia e Afeganistão, entre outros países, como aqueles em que a situação é considerada “muito grave”.
Para o comunicólogo e professor do Centro Universitário Estácio São Luís, Paulo Pellegrini, a dependência financeira dos meios de comunicação é o principal obstáculo para a liberdade de imprensa. “Isso intimida as redações quando tentam produzir jornalismo mais independente, porque recebem pressão contrária nesse sentido”, analisou. Na avaliação de Pellegrini, a mudança de apenas uma posição no ranking não configura mudança considerável.
ASSÉDIO
De fato, o levantamento realizado pela ong cita especificamente o Brasil, destacando o país como um local onde ocorrem assédios online a jornalistas. “Os ataques públicos enfraquecem a profissão e incentivam ações abusivas”, diz o documento.
Para mudar a situação, o professor destaca a importância tanto da independência financeira dos grupos de mídia quanto da consciência dos jornalistas. “Liberdade de imprensa é a liberdade de noticiar os fatos e de opinar sobre eles, mas também de apresentar o contraditório e respeitar opiniões contrárias”, reforçou.
Segundo ele, é possível também que os profissionais da imprensa atuem para transformar, aos poucos, essa realidade. “É possível uma revolução silenciosa dos jornalistas no seu dia a dia, na cobertura de pautas com mais teor crítico e na valorização da essência da profissão”, concluiu.