Durante o período em que o coronavírus assola nosso país, o número de crianças analfabetas entre 6 a 7 anos, cresceu em 66,3%
Década após década, as estatísticas no número de crianças sem alfabetização no Brasil sempre despertaram preocupação e uma atenção reforçada das entidades e órgãos educacionais responsáveis por esse processo. Agravando ainda mais esse quadro, a pandemia chegou e impactou negativamente diversas esferas em nosso país, inclusive na educação.
Segundo um levantamento da ONG Todos Pela Educação, no mês passado, foram revelados dados preocupantes que apontam um aumento de 1,4 milhões (2019) para 2,4 milhões (2021) de crianças de 6 a 7 anos que não sabem ler nem escrever – ou seja, nos dois últimos anos, o crescimento de crianças analfabetas nessa faixa etária foi de 66,3%.
Pandemia x PNE
O Congresso decretou em 2014, sancionada pela presidência da época, o Plano Nacional de Educação (PNE), com vigência de 10 anos, que tem como diretriz a erradicação do analfabetismo. Entretanto, o PNE não contava com o imprevisto da pandemia durante esse recorte de tempo, o que, segundo a pedagoga e coordenadora do curso de Pedagogia do Centro Universitário Estácio São Luís, Karolinne Lima, trava completamente esse planejamento. “A expectativa era de erradicar o analfabetismo até 2024, porém, não estava previsto o contexto pandêmico com todas as dificuldades e adaptações desse período, que aumentou o percentual de crianças entre 6 e 7 anos, que não conseguiram tempo hábil previsto para sua alfabetização”.
Na tentativa de amenizar os impactos negativos trazidos pela pandemia, Karolinne acredita que alguns esforços e pontos de atenção podem ser essenciais para a retomada do processo educacional, tão afetado nos últimos anos. “Dentro desse contexto, estratégias municipais e nacionais dos órgãos educacionais nas escolas brasileiras, podem diminuir esse número tão assustador. É necessário que os pais também fiquem atentos para desenvolver o que possa ter ficado de deficiência no cenário pandêmico, para diminuir o distanciamento da criança do processo ensino-aprendizagem”.
A coordenadora de Pedagogia da Estácio ainda afirma que o incentivo à leitura e a escrita em casa, em um momento tão atípico da sociedade no cenário da saúde, pode fazer total diferença nesse processo de alfabetização infantil na cronologia certa de sua formação escolar.