Alterações podem ser de natureza hematológica, cardiológica, neurológica, dermatológica ou psicológica
Muitas questões relacionadas à infecção pelo novo coronavírus ainda precisam ser esclarecidas, mas já se sabe que este vírus atinge de forma aguda muitos órgãos do corpo humano, especialmente, o coração, pulmões e vasos sanguíneos.
Ainda falta entender muita coisa sobre a Covid-19 e, também, sobre manifestações clínicas que têm sido observadas após infecção aguda pelo novo coronavírus.
“Esses quadros estão sendo relacionados a uma resposta imune-inflamatória que algumas pessoas apresentam e que persiste por algum tempo. Esses quadros persistentes têm sido denominados de síndrome pós-covid, covid pós-aguda ou covid tardia”, explicou a Dra. Mônica Gama, infectologista do Hapvida Saúde.
De acordo com a infectologista, a síndrome pós-covid ainda está sendo um desafio para muitos nessa pandemia que já trouxe grandes impactos. “A terminologia exata ainda está sendo discutida, assim como muitas outras questões relacionadas. Mas esse tem sido o nome dado a um conjunto de problemas de saúde recorrentes ou contínuos identificados em até 70% dos pacientes que tiveram Covid-19 e que tenha afetado a qualidade de vida desses pacientes”.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que a maioria das pessoas (cerca de 80%) se recupera da doença sem precisar de tratamento hospitalar. Uma em cada seis pessoas infectadas por Covid-19 fica gravemente doente e desenvolve dificuldade de respirar. As pessoas idosas e as que têm outras condições de saúde como pressão alta, problemas cardíacos e do pulmão, diabetes ou câncer, têm maior risco de ficarem gravemente doentes. No entanto, qualquer pessoa pode pegar a COVID-19 e ficar gravemente doente.
A digital influencer Amanda Couto contraiu o vírus em dezembro do ano passado após sua mãe receber o diagnóstico e precisar de internação hospitalar. “Tive contato com a minha mãe e após 3 dias fui diagnosticada com a Covid-19. Dei entrada no hospital com sintomas gripais e após tomografia foi constatado o comprometimento do pulmão em 25%. Fiz todo o tratamento, tive sintomas mais pesados após 5 dias, perdi o olfato, paladar, sentia muito cansaço, fadiga, dor no corpo, enfim, a maioria dos sintomas da doença”.
Mas a situação da influencer piorou na reta final da recuperação. Devido a preocupação dobrada por conta do quadro clínico da mãe, ela acabou desenvolvendo a paralisia facial. “Foi um momento de pânico. A paralisia foi diagnosticada como complicação da Covid-19. Desenvolvi um quadro chamado síndrome inflamatória generalizada pós-covid. A partir daí comecei a desenvolver sintomas de ansiedade e depressão, além disso, hipertensão, tonturas e enjoos”, destacou.
No Brasil, 21.680.488 pessoas já foram diagnosticadas com Covid-19, destas 604.228 perderam a vida em decorrência da doença. No Maranhão, até 20 de outubro, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão, 359.227 pessoas contraíram o vírus e 10.219 foram à óbito.
“Mesmo com uma grande parcela da população vacinada, ter os cuidados de prevenção ainda é essencial para evitar a doença. O uso de máscaras, distanciamento social ainda são fundamentais e, pacientes infectados devem sempre procurar assistência médica para serem avaliados e acompanhados, pois pode ser que progressivamente, apareçam novos sintomas ou sequelas”, finalizou a Dra. Monica Gama, infectologista do Hapvida Saúde.
“Nunca mais fui a mesma pessoa. Outra disposição, outra pele, cabelo, outro corpo porque acabei engordando 7kg por conta da ansiedade, remédios e comidas, acabei literalmente com as minhas emoções. Mas hoje em dia, depois de todo um tratamento já feito e ainda continuo, tenho me limitado bastante. Acabei reduzindo cerca de 40% do meu ritmo de trabalho. Tenho meus altos e baixos, mas hoje, pós-covid, consigo ter uma qualidade de vida que venho conquistando aos poucos, com a ajuda da família, trabalho, mas ainda com aquela sensação de que preciso melhorar mais”, relatou Amanda.
