A lancheira das crianças precisa de atenção especial

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O Ministério da Saúde revela que a metade da população infantil é alimentada de forma inadequada

A máxima popular “você é aquilo que você come” também se aplica ao que você serve para o seu filho ou filha. Principalmente na hora do lanche. Em síntese, dependendo do que você coloca na mesa ou na lancheira deles pode ser um “veneno” para a saúde e as consequências não vão aparecer somente quando eles chegarem à idade adulta. Pelo contrário, a alimentação inadequada já é percebida desde cedo. Segundo o Ministério da Saúde, três em cada dez crianças estão acima do peso no Brasil. A estatística se refere a um total de 4,4 milhões de meninos e meninas com idade entre 5 e 9 anos atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Uma realidade preocupante, uma vez que a criança com sobrepeso está mais vulnerável a desenvolver doenças como as cardiopatias e diabetes.

E o mais assustador destas estatísticas é que elas mostram que a alimentação inadequada da garotada começa logo após o desmame, quando são introduzidos outros alimentos na dieta dos infantes. De acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), quase a metade da população infantil (49%) que tem de 6 a 23 meses de vida já consome alimentos ultraprocessados.

O estudo é de 2018 e indica ainda que 33% das crianças menores de dois anos de idade tem na dieta bebidas adoçadas (refrigerantes e sucos artificiais); e 32,3% se alimentam com macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote e biscoitos recheados e salgados. Em outras palavras, crianças menores de dois anos de idade estão com uma alimentação totalmente inadequada do ponto de vista nutricional.

Falar sobre os cuidados com a alimentação dos filhos para muitos pais, que costumam ser intransigentes quanto às orientações de pessoas “de fora”, pode ser bem complicado. Por isso, fazer o acompanhamento profissional, inclusive com um nutricionista, é fundamental para o desenvolvimento saudável e seguro da garotada.

A nutricionista Alana Diniz ressalta que a pesquisa do Sisvan confirma que muitos pais estão oferecendo aos filhos os principais vilões da segurança alimentar. “Os alimentos que mais prejudicam a dieta infantil são os embutidos (salsichas, mortadela), os refrigerantes, os sucos industrializados, os salgadinhos, doces, biscoitos recheados, nuggets, macarrão instantâneo”, aponta a especialista. “Esses tipos de produtos possuem uma quantidade alta de sódio, açúcar, gorduras saturadas, conservantes etc. Essas substâncias podem provocar diabetes, obesidade, hipertensão arterial, doenças do coração, entre outras doenças”, explica, em tom de alerta.

A especialista trabalha no Grupo Mateus e observa que, em alguns casos, servir uma alimentação inadequada aos filhos pode ser uma consequência da rotina conturbada dos pais. “Na correria do dia a dia, os pais acabam se rendendo à facilidade de produtos industrializados. Sabemos que com a vida agitada dos pais devido ao trabalho e serviços domésticos, fica um pouco difícil de fazer lanches mais saudáveis para as crianças”, disse. Mas o ideal é sempre optar pelos alimentos mais saudáveis”, reforça.

A nutricionista enfatiza que nos lanches da garotada deve ter uma fonte de proteína, uma fruta, um carboidrato e uma bebida saudável. “É recomendável oferecer, aos pequenos, sucos naturais de frutas, cookies caseiros, sanduíches naturais, frutas in natura, bolos caseiros de frutas, queijos brancos, pães caseiros, cereais (granola com pouco açúcar, aveia)”, recomenda.

Alana sabe que introduzir uma dieta saudável para a molecada não é fácil, principalmente quando se trata de legumes e verduras, onde a resistência acaba sendo maior. E o consumo de refrigerantes e ultraprocessados pode contribuir para que eles recusem alimentos saudáveis. Ela orienta os pais a abusarem da criatividade na hora de preparar os lanches e servir o cardápio. “As crianças devem, desde cedo, ter hábitos alimentares saudáveis e um paladar bem variado. Evitar sempre alimentos muito açucarados, pois isso pode fazer com que os baixinhos recusem os alimentos mais saudáveis como frutas e legumes”, frisa.

Pratos coloridos (salada) pode ser uma boa estratégia para agradar a garotada. E se for indispensável escolher os produtos industrializados, ela deixa como dica sempre ler os rótulos dos produtos para verificar a quantidade de açúcar que há neles. “Como a ordem dos ingredientes é decrescente, então evitar os alimentos que tenham como primeiros ingredientes o açúcar, xarope de milho, dextrose, glucose entre outros”, sugere a nutricionista.

A especialista reforça ainda que a alimentação saudável e equilibrada garante o fortalecimento do sistema imunológico de qualquer pessoa, em qualquer fase da vida – criança ou adulto. “Sempre deve ter frutas, verduras, legumes, oleaginosas que são ricos em minerais e vitaminas”, encerra.

Alguns alimentos que não devem faltar no lanche e nas refeições das crianças:

– Frutas cítricas, pois possuem antioxidantes que fortalecem o organismo;

Vegetais verdes escuro (couve, brócolis), ajudam na produção dos glóbulos brancos que são a defesa do nosso corpo;

Oleaginosas (castanhas, amêndoas, nozes) que possuem zinco, vitamina E que ajudam no sistema imunológico;- Biscoitos ou cookies integrais o ideal é que sejam caseiros, mas se não for possível a produção, escolher biscoitos que tenham a menor quantidade de açúcar e ingredientes processados.

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