Paredes de barro, piso de terra batida, livros usados, ventiladores e móveis resgatados de lixão, com um cartaz na frente da pequena choupana, escrito à mão “Escolinha da Esperança”. Essa é a realidade de Érica Leal, adolescente de 12 anos que ganhou notoriedade, nos últimos dias, ao viralizar na internet por dar aulas para crianças carentes em Coelho Neto, município distante quase 400 km da capital, São Luís.
Tendo em vista a situação degradante e peculiar da menina e das crianças da “escolinha”, a Defensoria Pública do Estado (DPE/MA), por meio da atuação do defensor Público Thyago Rodrigues, a pedido da Administração Superior da instituição, realizou incursão no local visando entender a realidade da comunidade. O objetivo é aplicar esforços mútuos na consignação de políticas públicas e melhorias estruturais para resguardar direitos e gerar dignidade àquela família e à população.
“Dentro da política institucional de proximidade com o cidadão mais vulnerável, estreitando o laço com a comunidade, estivemos na casa da família, vimos a realidade em que vive e o caráter desbravador da menina. É uma situação de orgulho e, também, de preocupação, tendo em vista que tal responsabilidade de educar e garantir instrumentos escolares e um espaço digno é do Estado e do Município”, destacou o defensor público.
Segundo o defensor, a Defensoria niciará sua atuação com uma demanda na área de família, que há muito tempo incomoda à mãe da jovem, a catadora de lixo Maria Dorizete Leal, que ainda tem duas filhas, chamadas Eva e Elza Leal Simão. “Já agendamos o acolhimento das demandas da família e na semana que vem esperamos os familiares na unidade da Defensoria em Coelho Neto, para emitir os ofícios de praxe, dando início aos procedimentos legais requeridos”, afirmou Thyago Rodrigues.
A Defensoria pretende ainda, após reuniões com a comunidade, realizar mutirões, execução de projetos especiais, como Pais e filhos, além de prestar atendimentos diversos com o apoio da unidade móvel da instituição, dentre outros serviços, inserindo aí equipe multidisciplinar, composto por assistentes sociais e defensores públicos. “A atuação não será restrita à pequena Érica, mas também direcionaremos atividades diversas para a comunidade de Coelho Neto”, disse Rodrigues.
“Estamos atentos à necessidade da sociedade, alertas para demandas da população socioeconomicamente vulnerável. O papel da Defensoria é muito mais que apenas esperar ser demandada, mas também conhecer a realidade da comunidade, indo até ela, no foco da resolução do problema. Assim, orientamos nossos defensores, que de forma aguerrida têm se disponibilizado para interagir com a população”, destacou o subdefensor Gabriel Furtado.
O defensor afirmou que o fato de a menina dar aulas, mesmo sendo uma adolescente e não poder lecionar, sensibilizou o Município e o Estado, que abraçaram a iniciativa. Tanto que o vice-governador Carlos Brandão e o secretário de Educação, Felipe Camarão, informaram que irão ao município de Coelho Neto, para o anúncio oficial da construção de mais uma escola digna. Além disso, a prefeitura já iniciou a reforma da pequena casa da família, que será de alvenaria. Há também uma vaquinha online, que tem tido bastante engajamento da população.