Nutricionista dá orientações sobre introdução alimentar dos pequenos
Quando o assunto é criança, uma das maiores preocupações das famílias é com a alimentação dos pequenos, em especial, logo após a fase da amamentação. E são nas primeiras “colheradas” que a criança conhece o universo dos sabores, passando pelas papinhas, comida picadinha até a refeição completa, um processo que deve ser feito de forma saudável, pois vai contribuir para o crescimento e desenvolvimento correto da meninada. Muito cuidado com produtos industrializados ou ricos em açúcares. “Eles podem viciar o paladar do bebê, fazendo com que ele não aceite o que deveria, como as frutas, legumes, verduras, a chamada comida de verdade, além de poder causar doenças de forma precoce, como diabetes, obesidade infantil ou pode alterar o colesterol e os triglicerídeos”, alerta Alinne Barros, pediatra do Hapvida Saúde.
A médica lembra que, assim que nasce, o bebê encontra o que possa precisar em um único alimento, considerado o “alimento de ouro”, dada a riqueza de seus nutrientes e anticorpos: o leite materno.
O nutricionista e professor da Estácio, Marcos Macedo, recomenda começar aos poucos, com uma fruta. “Pelo oitavo mês, a criança já pode ser alimentada com uma ou duas porções de frutas, uma refeição principal no almoço e outra no jantar, além do leite materno”. Além disso, não se usa mais o termo “papa salgada”, pois remete a utilização de sal, que é contraindicado, detalha o nutricionista.
Não há regras sobre os tipos de alimentos que devem ser apresentados primeiro, mas, normalmente, as crianças preferem os sabores mais adocicados, como os da banana, pera, mandioquinha e abóbora. “É possível começar desse ponto, mas não se deve restringir a esses itens. É preciso introduzir o doce, o amargo, o azedo e o salgado, pois a crianças precisam ter contato com todos os sabores para conhecer as diferenças e aperfeiçoar o paladar”, ressalta.
Muito cuidado com produtos industrializados ou ricos em açúcares. “Eles podem direcionar o paladar da criança fazendo com que ela não aceite alimentos ou preparações que apresentem sabor diferente, por exemplo, frutas, legumes verduras, além de estarem relacionados com aparecimento precoce de algumas doença, como diabetes e obesidade infantil, além de alterações no colesterol e triglicerídeos”, pontua.
Confira algumas dicas para a alimentação das crianças:
1-Amassada e aos pedaços
O método BLW (do inglês baby-led weaning) consiste em ofertar alimentos cortados e deixa-los ao alcance da criança, que se serve da maneira que quiser. Desde que se popularizou, ele vem causando polêmica. Os estudos se dividem entre os que apontam os benefícios dessa autonomia no comportamento alimentar e os que dizem não haver vantagem nutricional no método. O melhor é mesclar as duas formas. As frutas podem ser ofertadas em pedaços, para comer com as mãos. Outras refeições ficam melhor amassadas. O nutricionista reforça a importância de oferecer diferentes consistências para o bebê. “Ofereça o gomo da laranja em vez do suco, deixe chupar um pedaço de carne. Quanto mais a criança aprende a mastigar com a gengiva, melhor será o direcionamento dos dentes ao nascerem.”
2-A regra dos 15
Você ofereceu um caqui, ele cuspiu. O maior erro é assumir a derrota e deixar a fruta de lado. Primeiro porque é natural que a criança jogue os alimentos para fora com a língua, afinal, ele está imitando o movimento de sucção. Contudo, mesmo quando ela não quiser comer de jeito nenhum, dá para tentar mais.
“Os pais devem oferecer de 12 a 15 vezes o mesmo alimento para que a criança possa se habituar e gostar”, diz o nutricionista. No entanto, a insistência não pode ser feita de qualquer maneira, o ideal é que haja alguns dias de intervalo para a nova tentativa e que o alimento venha apresentado de diferentes maneiras. Por exemplo, um dia a cenoura vem ralada no arroz, depois, cozida em pedaços, em outra oportunidade, tente purê ou bolinhos, e por aí vai.
3-Doce para que te quero
Brigadeiro é tão gostoso que fica difícil resistir. É claro que, cedo ou tarde, a criança será apresentada a ele (as festas de aniversário estão aí para promover isso), no entanto, você não precisa incentivar esse encontro. “É importante ressaltar que a criança tem necessidade de nutrientes, ou seja, carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, sais minerais e água, dessa forma, durante o primeiro ano de idade, o doce deve vir apenas das frutas. Por fim, é fundamental destacar que não é recomendado o consumo de açúcar e alimentos açucarados até o segundo ano de vida, se possível, adie ao máximo esse consumo”, aconselha o nutricionista.
4- Cuidado com o sódio
Independente da idade da criança, o sal deve ser consumido com moderação, por conter sódio, que também está presente nos alimentos e nos temperos ultraprocessados. “O sódio aumenta as chances de desenvolvimento de algumas doenças, como a hipertensão”, pontua a pediatra Alinne Barros.
5- Tempero na medida certa
Os temperos naturais acrescentam sabor e aroma à comida. Em todas as preparações, dê preferência às ervas frescas, secas, condimentos naturais e especiarias. Eles acrescentam sabor, aroma e nutrientes à comida, além de permitir que a criança perceba a sutileza dos sabores de cada alimento.