NEGRAS ESTÃO ENTRE AS MULHERES MAIS AFETADAS PELA FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL

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FOTO – DIVULGAÇÃO: Áreas sem a mínima infra estrutura e saneamento básico são uma triste realidade no Brasil, a exemplo da Favela da Portelinha em São Luís.

Pesquisa da BRK Ambiental em parceria com o Instituto Trata Brasil aponta que, das 635 mil mulheres que sairiam imediatamente da pobreza apenas com a universalização dos serviços de água e esgoto, 3 a cada 4 seriam negras

No Dia da Consciência Negra, vale a reflexão: Nada menos do que 100 milhões de pessoas no Brasil não contam com serviços de coleta e esgoto. No país, que tem uma das maiores bacias hidrográficas do mundo, 35 milhões não recebem água encanada e tratada em suas casas. Em algumas regiões, apesar de disponibilidade do serviço, o acesso regular à água chega a apenas metade da população local, como é o caso do Norte e do Nordeste. Apesar da falta de saneamento trazer consequências graves para toda a população, há grupos especialmente atingidos pelo problema: as mulheres negras, as jovens e as indígenas. A conclusão está no estudo “O Saneamento e a Vida da Mulher Brasileira” (https://www.brkambiental.com.br/uploads/4/18-img-destaques-home/relatorio-o-saneamento-e-a-vida-da-mulher-v-20-03-2018.pdf), realizado pela BRK Ambiental e pelo Instituto Trata Brasil, que investigou os efeitos da falta de saneamento no público feminino com base nos números do IBGE.

As mulheres autodeclaradas negras (pardas e pretas) são as mais atingidas pela dificuldade de acesso frequente à água, ou seja, declaram não receber água tratada em casa todos os dias: elas somam quase 68% do total de 12 milhões de mulheres que sofrem desse problema.

Os déficits mais elevados de acesso a esgoto também estão entre as mulheres autodeclaradas pardas, indígenas e pretas: nesses grupos, as taxas de incidência de escoamento sanitário inadequado foram de 24,3%, 33,0% e 40,9% das respectivas populações femininas.

A falta de saneamento básico está relacionada aos altos índices de afastamento por diarreia ou vômito. Os problemas de saúde decorrentes da ausência de água e esgoto, assim, afetam esses grupos com mais intensidade. A população de mulheres autodeclaradas pardas registrou, segundo a pesquisa, 80,2 casos por mil mulheres. A média entre o total de mulheres é de 76 casos a cada mil.

O estudo aponta que as mulheres negras seriam as mais beneficiadas pela universalização dos serviços de água e esgoto para a população brasileira, pois representariam 75% das mulheres que sairiam imediatamente da pobreza pelo acesso a saneamento básico, que é um direito essencial para o desenvolvimento socioambiental e econômico plano.

Além de escancarar a desigualdade racial no Brasil, a pesquisa mostra ainda que os efeitos positivos do saneamento seriam bastante evidentes na população feminina jovem (negra, branca, amarela e indígena): as meninas de até 19 anos de idade representariam 44,3% do total de mulheres que sairiam da pobreza com a universalização. Portanto, investir no saneamento básico é garantir o futuro das novas gerações, reduzir as desigualdades, inclusive raciais, e investir em saúde, lembrando que a cada 1 real aportado na infraestrutura de saneamento, 4 são economizados no sistema de saúde.

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