Escolas da rede municipal de São Luís desenvolvem programação sobre o Dia da Consciência Negra

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Crianças aprendem a valorizar a cultura negra em roda de tambor de crioula

Unidades de Educação Básica (U.E.Bs) da rede municipal de São Luís desenvolvem, durante toda esta semana, várias atividades alusivas ao Dia da Consciência Negra – comemorado em 20 de novembro. Oficinas, contação de histórias, jogos, brincadeiras, desenho, pintura e confecção de objetos da cultura africana, além da exibição de vídeos e slides sobre a história, culinária, os animais e as vestimentas típicas dos povos negros, estão dentro da programação de várias escolas.

Na manhã desta segunda (20), as unidades de Educação Infantil (U.E.B.) Bernardina Spíndola, no Centro, e Luís Augusto Monier, na Gancharia (Itaqui-Bacanga), envolveram as crianças com músicas, danças, jogos, brincadeiras e contos africanos, ressaltando as características do povo negro, bem como sua culinária e vestimentas, com o objetivo de promover a consciência negra e combater o racismo e o preconceito.

O titular da Secretária Municipal de Educação (Semed), Moacir Feitosa, diz que a Educação Integral insere desde as séries iniciais da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, conteúdos que valorizem e estimulem a convivência pacífica, o trabalho em grupo e a promoção de atividades lúdicas que ensinem valores e princípios de respeito e amor ao próximo.

“Uma educação inclusiva requer conteúdos que ensinem princípios e valores que as crianças vão levar para toda a vida. E os educadores da rede municipal têm essa preocupação, assim como é compromisso da gestão do prefeito Edivaldo apoiar ações que contribuam para o processo de ensino e aprendizagem, para a elevação da autoestima dos estudantes, acabando com o preconceito e promovendo a inclusão”, assinalou Moacir Feitosa.

A coordenadora pedagógica da U.E.B. Infantil Bernardina Spíndola, professora Kátia Castro, conta que as professoras trabalharão durante toda semana conteúdos relativos à data do 20 de novembro. Nesta segunda-feira (20) cerca de 90 crianças assistiram aos vídeos “A botija de ouro”, “Raízes africanas no Brasil”, e o conto “Cabelo de Lelê”. Logo após, as professoras conversaram em sala de aula sobre a história dos negros, suas danças, música, vestimentas e culinária, e trabalharam dinâmicas de reconhecimento com relação à cor da pele, cabelos, e outras características do povo africano. “As professoras também falaram sobre a data e explicaram a importância que ela tem para os povos negros no Brasil”, comentou Kátia Castro.

PROJETO

A comemoração da Semana da Consciência Negra também marca o início do projeto Africanidades, na U.E.B. Bernardina Spíndola. O projeto terá duração de três meses, com culminância prevista para o mês de fevereiro, quando do término do ano letivo. O professor Odilon Maia, gestor em exercício na unidade, disse que as atividades lúdicas fazem com que as crianças aprendam brincando. “Os gestos, os movimentos e a ludicidade contribuem para o desenvolvimento infantil e para o aprendizado de uma forma geral, e estão previstos na Base Nacional Comum Curricular”, observou Odilon Maia.

Cristina Brito, professora do Infantil II na Bernardina Spíndola, contou que vai trabalhar com as crianças esta semana a identidade cultural por meio de histórias infantis, desenhos e pinturas, com o fim de despertar nos estudantes a capacidade de se reconhecerem e se aceitarem enquanto descendentes do povo africano. “Há uma grande diversidade na sala de aula e os alunos precisam respeitar e aceitar a si mesmos e ao próximo”, comentou a educadora.

Um de seus alunos, Eduardo Aquino Santos, de seis anos, disse que gosta de todos os colegas e que é preciso respeitar cada um. “Tô desenhado o cabelo de Lelê, que vi hoje no filme. Ela é assim, como eu, e isso é legal”, acrescentou Eduardo.

PEDACINHOS AFRICANOS

Já na U.E.B. Luís Augusto Monier Alves, bairro Gancharia, aconteceu a culminância do projeto “Descobrindo Pedacinhos Africanos em São Luís – MA”, idealizado a partir da formação continuada, oferecida pela Núcleo de Currículo da Semed, para professores em Educação e Relações Étnico-Raciais pautada na Lei nº 10.639/03 que trata sobre estes assuntos no ambiente escolar.

Durante três meses a escola desenvolveu atividades com a intenção de propiciar uma reflexão acerca da introdução da cultura negra na sociedade brasileira. A programação contou com trabalhos coordenados pelas professoras da creche ao Infantil II envolvendo temáticas a exemplo de animais africanos; comidas; dança; música; contos; brinquedos e brincadeiras.

Na programação, as crianças da creche apresentaram coreografia dos animais africanos, brincadeiras e brinquedos. O Infantil I destacou a culinária e contos africanos, e a turma do Infantil II apresentou uma amostra da dança capoeira e tambor de crioula.

Para a professora Jeane Durans, trabalhar as relações étnico-raciais com crianças muito pequenas é um desafio. “Quando conseguimos ouvir as crianças de 3 a 5 anos se autointitular negras, e que gostam dos seus cabelos cacheados, nos faz acreditar no sucesso da proposta”, disse. A professora ainda ressaltou que o projeto alcançou toda a comunidade escolar trazendo as famílias para dentro do espaço, discutindo com elas as relações, superando o preconceito de cor, de religiosidade e de gosto.

Gleice Coelho Ferreira, mãe de Klaywer Ferreira Pinheiro, 4 anos, parabenizou a escola pela iniciativa de levar os pais a interagirem no ambiente escolar. “Sempre que posso, participo das atividades do meu filho na escola. Acho importante essa parceria para o desenvolvimento da criança”, disse.

A gestora da escola, Sônia Maria de Jesus Silva Nascimento, relatou que as crianças interagiram e participaram, dando uma resposta muito positiva a proposta. “Orientamos as crianças na construção da sua identidade, aceitação do diferente, e que somos iguais diante dos direitos e deveres. Todas as turmas, tanto do vespertino como do matutino, tiveram aceitação, bem como, melhorou a relação entre elas,” completou a gestora.

Sara Santos e Sofia Barbosa, ambas de 5 anos, se cumprimentaram com a famosa umbigada, movimento coreográfico típico da dança tambor de crioula. No sorriso, as meninas expressavam a satisfação de participar daquele momento de alegria e diversão. “Eu amo dançar. Aprendi com a tia Jeane como devemos rodar a saia na hora da dança”. Já Sofia, demonstrou a felicidade dançando em frente dos coleguinhas tocadores dos tambores.

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