Escolas terão de oferecer 1 mil horas de aula/ano até 2022

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A alta taxa de evasão escolar e o desempenho em disciplinas básicas, como Português e Matemática, motivaram a Reforma do ensino médio, sancionada em fevereiro por Michel Temer. Mas as dúvidas quanto a sua implantação ainda surgem a todo o momento em educadores, estudantes e gestores. Por enquanto, a implementação da lei ainda precisa da aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), mas o aumento da carga horária é o único ponto da reforma do ensino médio que já tem prazo. Pela lei, as escolas terão até 2022 para oferecer, no mínimo, 1 mil horas de aula por ano.

“As escolas particulares vão se adaptar rápido, pois já trabalham hoje com cargas horárias muito maiores do que a lei está pedindo”, diz o educador cearense Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações Educacionais no SAS, que palestrou em São Luís a convite do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Maranhão (Sinepe/MA). Ele explica que, atualmente, o Brasil tem por lei que os estabelecimentos de ensino ministrem 800 horas aula/ano, número superado muitas vezes. “Uma escola de São Luís de classe A, por exemplo, deve ter 6 aulas por dia, se multiplicar isso por duzentos dias letivos, ela já tem uma carga de 1.200 horas”, comenta.

De acordo com o educador, o grande problema será enfrentado pelas escolas públicas. “O desafio será maior para o governo. Cerca de 5% dos municípios do Rio Grande do Sul têm apenas uma escola de ensino médio, mas 35% dos municípios de Alagoas têm apenas uma escola desse nível. Essa única escola deverá ensinar as cinco trilhas do conhecimento. Apesar de que não são obrigadas a dar todas as trilhas. Não tenho dúvida de que as escolas particulares vão se adaptar rápido, o desafio será forte para o ensino público”, afirma.

Uma das possibilidades é que as escolas públicas se limitem a oferecer o ensino profissionalizante, em detrimento dos outros quatro itinerários formativos: Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza. “É provável que a gente tenha um número menor de escolas particulares oferecendo o ensino profissionalizante, em contrapartida, um número maior de escolas públicas não oferecendo as outras trilhas do conhecimento e sim a formação técnica”, diz.

Para Ademar Celedônio, a grande vantagem da reforma é a flexibilização das disciplinas, que permitirá aos alunos compor 40% de sua grade com um currículo complementar e 60% com conteúdos da BNCC. “Pela primeira vez, será disciplinado o que será ensinado. A reforma faz uma aproximação entre o aluno, não só com o mercado de trabalho, mas com as vivências, o que é importante para aplicabilidade no futuro. Traz protagonismo às salas de aula, faz com que os alunos participem mais da construção do saber”, finaliza.

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