Declaração foi de Rui Costa após reunião de ministros com o presidente Lula sobre medidas para combater o preço dos alimentos
Diante do aumento da inflação e das discussões para baratear o preço dos alimentos, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, nesta sexta-feira (24), sugeriu “mudar a fruta” que o consumidor vai adquirir para lidar, por exemplo, com a inflação da laranja.
Ao falar com jornalistas após reunião com Lula, Rui Costa citou o exemplo da laranja para falar sobre alimentos que estão caros tanto no mercado externo, quanto interno. E ofereceu uma “solução”: “O preço internacional está tão caro quanto aqui. O que se pode fazer? Mudar a fruta que a gente vai consumir. Em vez da laranja, outra fruta. Não adianta baixar a alíquota, porque não tem produto lá fora para colocar aqui dentro”, disse o ministro.
A declaração ocorreu após uma reunião ministerial com o presidente Lula para amenizar a crise causada depois do governo cogitar trocar validade de alimentos para diminuir o preço. A proposta foi tão criticada que o governo voltou atrás e descartou a mudança de validade.
De acordo com o chefe da Casa Civil, o governo tem estudado algumas medidas como a possibilidade de reduzir as alíquotas de importação sobre alimentos que estejam mais caros no mercado interno do que no exterior.
Rui Costa enfatizou que será realizada uma análise dos valores de mercado dos produtos no cenário doméstico e internacional e, se necessário, o governo reduzirá as alíquotas de importação para que os alimentos sejam vendidos no mercado doméstico com um preço igual ou abaixo do externo.
Outra aposta do governo que pode ajudar a reduzir os preços é a “supersafra” de produtos agrícolas após um ano de clima prejudicial (2024).
O ministro negou qualquer medidas como congelamento de preços, criação de um “supermercado estatal” ou alterar regras sobre data de validade dos alimentos.
“Não terá subsídio, não terá supermercado estatal, não terá comercialização alimentos com prazos vencidos, não terá ‘fiscal do Lula’, nenhuma dessas medidas heterodoxas”, assegurou o ministro da Casa Civil.
Com os rumores sobre as ações do governo federal para baratear o preço dos alimentos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad negou qualquer mudança nas regras de validade. Ele disse que a queda de preços será impulsionada pela safra recorde prevista para este ano e pela recente desvalorização do dólar.
Quem é Rui Costa
A empresária Cristiana Prestes Tadeo, da empresa Hempcare, citou o ministro Rui Costa, em delação premiada, na investigação da Polícia Federal (PF) que apura fraude na compra de respiradores durante crise provocada pela pandemia de covid-19, em 2020.
O caso foi revelado pelo repórter Hugo Marques, da revista Veja. A empresária devolveu R$ 10 milhões aos cofres públicos, como contrapartida para ter benefícios processuais, além de dar detalhes e entregar documentos que comprovariam as irregularidades, como extratos bancários.
A Hempcare recebeu R$ 48 milhões do governo da Bahia, mas não entregou nenhum respirador pulmonar. A então vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, que foi o braço direito do ex-procurador-geral da República Augusto Aras, que é baiano, negociou a delação.
Segundo a Veja, Cristiana admitiu que o contrato com a empresa Hempcare era desfavorável ao governo da Bahia. Uma das cláusulas previa pagamento adiantado. Além disso, a empresa não possuía as documentações necessárias para importar equipamentos hospitalares e que nenhum agente público solicitou o certificado e registro da Anvisa.
Cristina teria recebido informações privilegiadas e, por causa disso, apresentou proposta de preço de US$ 28.900 por respirador. O contrato para venda de 300 aparelhos respiradores totalizou R$ 48 milhões, conforme cotação do dólar à época.
Rui era também presidente do Consórcio Nordeste, cujos estados receberiam os respiradores. A empresária disse que a contração da empresa foi intermediada por um empresário que se apresentou como “amigo” do então governador da Bahia e da mulher dele, Aline Peixoto.
A situação do ministro se complicou porque o ex-secretário da Casa Civil do governo baiano, Bruno Dauster, disse em depoimento à PF que recebeu sinal positivo de Rui para avançar nas tratativas com a Hempcare. O então governador, segundo disse aos investigadores, foi o responsável por passar o contato de Dauster à empresa.
A Hempcare distribuía medicamentos à base de canabidiol e tinha capital social de R$ 100 mil. Conforme os registros, a empresa só contava com dois funcionários. Como o contrato foi assinado, e o valor de R$ 48 milhões adiantado, a empresa não conseguiu fazer a compra dos equipamentos na China nem no mercado nacional.
Diante do atraso, Rui determinou a abertura de inquérito na Polícia Civil, mas a PF entrou no caso quando chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), porque desvio de recursos do SUS são casos da esfera federal.
Fonte: Gazeta do Povo