Após enfrentar forte reação pública com a normativa da Receita Federal sobre o monitoramento de transações financeiras, incluindo o Pix, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta a ser pressionado pelas redes sociais e pela oposição após propor a extensão da validade dos alimentos para reduzir preços.
Com a repercussão, o Palácio do Planalto recuou da medida. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, classificou a proposta como um “equívoco de comunicação” e afirmou que o governo descarta qualquer intervenção nos preços.
“Isso aí já foi corrigido. Foi um equívoco de comunicação. Isso está fora. O presidente já falou, já afastou qualquer possibilidade de intervenção nisso. A Casa Civil já esclareceu”, declarou o ministro. A declaração de Teixeira segue na linha do que o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse na quarta-feira (22) sobre o caso. Em entrevista à CNN Brasil, Costa alegou que o governo não adotaria a medida.
“Foram várias sugestões [do setor varejista] que estarão incluídas nessas análises que iremos fazer agora. Uma dessas sugestões é essa [de ampliar a data de validade dos alimentos], e eles relataram lá a existência de prateleiras diferentes ou até de supermercados diferentes que vendem produtos com a validade vencida. Essa não é a cultura do Brasil, não é a prática do Brasil, então não vejo nenhuma possibilidade dessa sugestão específica ser adotada”, afirmou Costa.
No ano passado, associações da indústria alimentícia já haviam sugerido a revisão das regras para a validade dos alimentos com a adoção da prática do “best before”, adotada nos Estados Unidos e no Canadá. Nesse caso, a frase “Válido até”, seguida da data de vencimento, seria substituída por “Melhor consumir até”.
A crise ganhou força com acusações de que o governo estaria, mais uma vez, agindo de forma a prejudicar as classes mais vulneráveis. Críticos alegaram que a medida abriria espaço para a comercialização de alimentos impróprios para consumo, ampliando o risco para a saúde da população mais pobre.
Parlamentares da oposição não pouparam ataques ao governo. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) postou que “a picanha não veio, e se vier, será podre”, ao fazer referência à promessa eleitoral de Lula de que o brasileiro voltaria a comer esse tipo de carne.
Além disso, o parlamentar do PL também afirmou que a mobilização popular foi fundamental para forçar o recuo da gestão petista. “Se as redes já estão fazendo o governo recuar, milhões nas ruas farão ele parar”.
Já deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) ironizou a justificativa oficial para a discussão da medida. “Ué, a economia não estava bombando?! O que aconteceu que agora querem oficializar a xepa? É uma mentira atrás da outra, mas o governo não consegue sustentar. A realidade sempre se impõe!”, destacou.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) associou o episódio ao desgaste recente da normativa da Receita Federal. “Lula tem sede por impostos, tentou usar o PIX para jogar o pobre na malha fina da Receita e agora quer normalizar comida vencida para os mais vulneráveis. Quando é exposto, joga a culpa na comunicação e em quem aparecer na frente”, criticou. “Primeiro o PIX… agora comida vencida… Qual será a próxima? Com o Lula, o pobre não tem um dia de paz!”, disse.
Fonte: Gazeta do Povo