A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) realizou a 3ª Reunião da Sala de Crise sobre Acidente em Ponte do Rio Tocantins na BR-226, que foi transmitida por meio do canal da ANA no YouTube. Uma das informações mais importantes transmitidas no encontro foi o vazamento completo de ácido sulfúrico de um dos caminhões que caíram no Rio Tocantins.
O encontro foi um espaço para compartilhar e nivelar informações sobre as análises de qualidade da água do rio Tocantins realizadas após o desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que fica entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), em 22 de dezembro. Também foram abordados os riscos existentes sobre usos múltiplos da água entre o local do acidente e a jusante (rio abaixo), já que substâncias químicas seguem submersas.
Participaram da 3ª Reunião representantes de diversas instituições federais, como o diretor interino da ANA Marcelo Medeiros. No decorrer desse encontro, foram atualizadas as informações sobre os resultados das análises de qualidade da água realizadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) referentes às amostras coletadas em 26 de dezembro. Assim como as amostras de 24 de dezembro, ainda não foi identificada nenhuma alteração significativa na qualidade da água do rio Tocantins em virtude do acidente.
Além disso, durante a Sala de Crise foi informado que as amostras coletadas no dia 27 de dezembro estão em análise e que as amostras dos dias 28 e 29 de dezembro, coletadas pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), ainda não chegaram aos laboratórios para análise e devem ser analisadas na próxima semana. Novas amostras seguem sendo coletadas diariamente pelas equipes da ANA e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão (SEMA/MA) presentes na região do acidente.
Esse trabalho com foco na qualidade da água bruta do rio Tocantins é realizado pela ANA em parceria com a EMBRAPA, SGB, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e SEMA/MA.
Vazamento
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão relatou que foram realizados novos mergulhos das empresas notificadas pelo IBAMA para avaliação da situação dos produtos químicos depositados no fundo do rio, que identificaram o colapso de um dos tanques de ácido sulfúrico, indicando o completo vazamento da substância. Porém, não foi detectada qualquer alteração na qualidade da água do Rio Tocantins, devido à rápida reação do ácido sulfúrico em contato com a água e ao grande volume de água escoado no rio – conforme divulgado em comunicados anteriores da ANA.
Sobre o segundo caminhão de ácido sulfúrico que caiu no curso d’água não houve informações. Quanto à carga de pesticidas, foi reportada na 3ª Reunião a recuperação de quatro bombonas intactas e sem indicação de vazamento dessas substâncias químicas. Quanto à qualidade da água, prestadores de serviço de abastecimento de água de Tocantins e do Pará informaram que não foram detectadas alterações nas condições da água do rio até o momento.
Assim como na 2ª Reunião, foi ressaltado que, no pior e mais improvável cenário, de rompimento completo e simultâneo dos recipientes que ainda estão submersos no rio Tocantins, é possível que as concentrações de alguns poluentes atinjam valores acima do recomendado no manancial. Embora o risco seja baixo, foi discutida na Sala de Crise a importância da remoção de todas as bombonas de pesticidas que caíram no rio.
Rio Tocantins
Com aproximadamente 2400 km de extensão, o rio Tocantins é o segundo maior curso d’água 100% brasileiro, ficando atrás somente dos cerca de 2800km do rio São Francisco. O Tocantins nasce entre os municípios goianos de Ouro Verde de Goiás e Petrolina de Goiás. Ele também atravessa Tocantins, Maranhão e tem sua foz no Pará perto da capital Belém. O rio pode ser chamado de Tocantins-Araguaia por se encontrar com o rio Araguaia entre Tocantins e Pará. Os dois cursos d’água também dão nome à Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia, que é a maior do Brasil em área de drenagem 100% em território nacional.
Tragédia
A Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira desabou na tarde do domingo, 22 de dezembro de 2024. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do governo federal, o desabamento aconteceu porque o vão central da ponte cedeu. O órgão abriu uma sindicância para apurar as causas e efetivar as responsabilizações pelo desabamento.