Nutricionista aponta benefícios da diminuição no consumo de carne e aumento da ingestão de vegetais in natura; Brasil tem pelo menos 30 milhões de vegetarianos
Uma pesquisa do Ibope encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) aponta que pelo menos 30 milhões de pessoas são adeptas do vegetarianismo no país, isto é: não consomem carne, frango, peixe ou frutos do mar. Os dados são de 2018, mas com a alta nos preços das proteínas de origem animal, o interesse pelo consumo de verduras, legumes e substitutos da carne bovina, principalmente, passou a aumentar.
Celebrado neste sábado, 1° de outubro, o Dia Mundial do Vegetarianismo foi estabelecido em 1977 para promover a conscientização sobre os benefícios ambientais e de saúde individual que a prática alimentar traz. De acordo com Helry Costa, professor do curso de Nutrição da Estácio, o vegetarianismo pode ajudar na prevenção de doenças cardiovasculares, casos de câncer, diabetes, hipertensão e controle do colesterol e triglicerídeos, por estar relacionada à diminuição do consumo de carne, principalmente a processada – como salsicha e outros embutidos.
“A prática vegetariana incentiva a ingestão dos alimentos in natura, que são ricos em antioxidantes, em compostos bioativos e substâncias que vão auxiliar na prevenção do adoecimento. Além disso, tem pessoas que relatam uma melhor disposição, sono, trânsito intestinal e retardo do envelhecimento”, relata o nutricionista.
Entretanto, uma dúvida paira diante da baixa na ingestão de carne bovina: como suprir a quantidade de proteína necessária para o corpo? Segundo Helry, existem inúmeras possibilidades de substituição, como a soja e a lentilha, e há vegetais com aporte proteico elevado, mas também estamos bem servidos no feijão com arroz combinados do dia a dia.
“Ao juntar esses dois grupos de alimentos, uma leguminosa (feijão e grão de bico) e os cereais (arroz, milho), eles se complementam e formam uma proteína completa, que é necessária para nossa saúde, é um casamento perfeito”, explica.
Além dos vegetarianos, existem também os veganos, que não consomem nenhum produto de origem animal além da proteína, como leite, ovos e mel. Para esses também há substituições. O leite de vaca, por exemplo, pode ser trocado por oleaginosas que produzem uma substância viscosa similar, como castanha, aveia ou amêndoa.
O professor ainda ressalta que a ideia dos sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis é algo que podemos aprender com as práticas dos vegetarianos e veganos. “Cada vez mais, precisamos criar um sistema de onde possamos ter acesso a uma melhor forma de alimentação e que seja sustentável para o planeta, porque sabemos dos danos que a pecuária causa ao meio ambiente, com o desmatamento e produção de gases que agravam o efeito estufa”, finaliza.