Pandemia e o afastamento do trabalho

0comentário

Os transtornos mentais são a terceira causa mais comum para concessão de auxílio-doença, tendo a depressão como principal diagnóstico – e, dos casos analisados pelo INSS, mais de 23% foram motivados pelo trabalho.

A pandemia tem afetado significativamente a saúde mental das pessoas – mesmo aquelas que não tinham um histórico de sofrimento por transtornos mentais. Em especial, há relatos de ansiedade elevada, sintomas depressivos, crises de pânico e estresse pós-traumático que são tão pesados que podem afastar os trabalhadores de suas funções.

O professor de psicologia do Centro Universitário Estácio São Luís, Jefther Rocha, explica que o excesso de trabalho pode provocar um distúrbio emocional conhecido como Síndrome de Burnout. “A pessoa apresenta sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. É uma síndrome comum em profissionais que atuam diretamente sob pressão e com responsabilidades constantes (profissionais de saúde, professores, policiais, jornalistas, etc.)”, pontuou.

No Brasil, em 2020, houve aumento de 20% na frequência de doenças mentais como causa de afastamento do trabalho. Além disso, os transtornos mentais são a terceira causa mais comum para concessão de auxílio-doença, tendo a depressão como principal diagnóstico – e, dos casos analisados pelo INSS, mais de 23% foram motivados pelo trabalho.

Fatores que contribuem para uma estafa mental

Jefther pontua alguns fatores contribuintes como, por exemplo, o trabalho excessivo, a pressão no ambiente profissional, um home office pouco estruturado e definido, objetivos de trabalho muito difíceis, empresas com uma cultura organizacional que não valorize a saúde mental e o respeito aos funcionários são perigosos e podem desencadear esse processo.

Como cuidar da mente e não permitir uma estafa

A melhor forma de prevenir são estratégias que diminuam o estresse e a pressão no trabalho. O profissional cita alguns exemplos de comportamentos saudáveis: 

– Participar de atividades de lazer com amigos e família;

– Fazer atividades que fujam da rotina diária;

– Realizar atividades físicas regulares;

– Evitar contato com pessoas negativas (em especial, as que passam a maior parte do tempo falando de trabalho ou dos demais).

Quando procurar ajuda médica

Alguns sinais e sintomas podem funcionar como alerta, explica Jefther como, por exemplo, a insônia ou sono excessivo, perda de apetite ou excesso, ansiedade e tensão constante, choro frequente, pensamentos obsessivos, fadiga constante, desânimo, angústia, perda de atenção, dificuldade em conseguir relaxar nas férias, finais de semanas e feriados, dentre outros.

Direitos do trabalhador

“Qualquer doença psiquiátrica pode justificar o afastamento de um funcionário, desde que incapacite a pessoa de exercer suas funções laborais. Para conseguir o afastamento pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), é necessário que o trabalhador realize um acompanhamento médico para verificar qual o diagnóstico, o grau de incapacidade e se tais questões foram causadas pelo ambiente de trabalho”, esclareceu.

Algumas empresas possuem programas e determinam estratégias para evitar o esgotamento de seus funcionários. “Alguns exemplos de práticas interessantes são a definição de objetivos bem definidos e alcançáveis a curto prazo, promoção de reuniões semanais com os funcionários e gestores (discutindo os desafios encontrados semanalmente), organização de momentos de confraternização e diversão com a equipe e valorização do trabalho individual e grupal”, finalizou Jefther Rocha.–

Sem comentário para "Pandemia e o afastamento do trabalho"


deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS