Conectados desde cedo: conheça os riscos da superexposição às telas
Exposição das crianças aos dispositivos eletrônicos traz mais riscos que benefícios, alertam especialistas
Em um mundo cada vez mais conectado e tecnológico, é quase impossível impedir o acesso das crianças e adolescentes a smartphones, tablets, televisões e computadores. As telas existem em diversas opções de formatos e tamanhos, são um prato cheio de entretenimento para os filhos e podem significar até mesmo algumas horas de descanso para os pais. Mas quanta tela é tela demais? Existe um limite de exposição das crianças aos conteúdos online?
É consenso entre os especialistas que a exposição de crianças e adolescentes ao excesso de dispositivos eletrônicos traz mais riscos que benefícios. Dificuldades de socialização, problemas de visão, alterações no sono e até mesmo atrasos no desenvolvimento estão entre os possíveis problemas. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que as crianças de até dois anos, por exemplo, não tenham nenhum tipo de exposição às telas.
Já para os maiores, esse tempo deve ser regulado de acordo com a faixa etária. Mas nem sempre isso acontece: segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), 86% das crianças e adolescentes brasileiros entre nove e 17 anos estão conectados. Transportando essa média para o Maranhão, esse total seria de mais de um milhão de pessoas.
PROBLEMAS
O pediatra do Sistema Hapvida, Guilherme Steinmetz, explica que diversificar os estímulos recebidos pela criança é uma maneira de desenvolver todas as áreas do cérebro ao longo dos diversos estágios de crescimento. “Quando a criança recebe só um tipo de estímulo, não consegue desenvolver igualmente todas as áreas do cérebro. E as crianças que passam muito tempo em frente à tv ou ao celular deixam de brincar, o que é importante para desenvolver o físico, por exemplo. Elas também podem ter problemas de visão ou até de audição, caso passem muito tempo com o fone de ouvido”, enumerou.
Segundo Steinmetz, o problema piorou na pandemia, já que muitas crianças e adolescentes foram privadas do convívio com os amigos e de outras formas de diversão. “Muitas não podiam nem sair de casa, durante os períodos mais restritos. Hoje, a gente vê no consultório crianças que já entram com o celular na mão, que só param quietas na consulta se o pai ou a mãe dão o celular para elas”, alertou.
ESTÍMULOS
Com o abrandamento das restrições em face da pandemia, retomar atividades físicas e brincadeiras em família, oferecendo uma alternativa ao uso constante das telas, é uma excelente ideia. Que tal matricular os pequenos num esporte, como futebol ou natação? Os pais também podem resgatar as brincadeiras do seu período de infância e transmiti-las aos filhos. Assim, além de reduzir o tempo em frente aos dispositivos eletrônicos, tem-se uma opção divertida de integração da família.
O pediatra destaca também a importância dos múltiplos estímulos para o cérebro, que não venham só dos dispositivos eletrônicos. “Pode ser interessante ensinar às crianças xadrez, dominó, damas ou outros jogos de tabuleiro. Com as opções corretas, podemos ajudá-las a passar dessa fase”, concluiu.