Dispositivo é proibido desde 2009, mas segue sendo comercializado e fazendo mal para muitas pessoas
Recentemente, a americana Juliet Roberts, de 18 anos, usuária de cigarro eletrônico há quatro anos, viu sua vida ameaçada por conta dos danos e lesões sofridas nos pulmões, que acabaram se tornando um prejuízo crônico para sua saúde. Casos como o de Juliet têm ganhado repercussão e assustado a população, que tem se atentado para os riscos do uso desse dispositivo.
Um levantamento do Datafolha revelou que 3% das pessoas acima de 18 anos fazem o uso corriqueiro dos cigarros eletrônicos, um item bem popular entre os jovens, por conta da falsa impressão causada no seu surgimento e comercialização na década passada, onde a promessa principal era de segurança, considerados não danosos à saúde, principalmente em comparação com os cigarros tradicionais.
Porém, muitos especialistas alertam para os riscos causados pelo cigarro eletrônico ou vape, como também é conhecido. O pneumologista do Sistema Hapvida, Walter Netto, comenta que a proposta no surgimento e popularização do cigarro eletrônico é bem similar a do cigarro comum, transmitindo a ideia de glamour e modernidade. O dispositivo engana muitas pessoas com falsas vantagens, pois troca a combustão dos cigarros antigos pela vaporização de essências, produzindo uma fumaça que é aspirada e exalada ao ambiente, evitando o odor e mau hálito.
Porém, apesar de parecer inofensivo, diversos perigos estão inclusos no uso desse item. Muitos pontos de atenção devem ser checados, já que esse dispositivo parece inofensivo. O que muita gente não sabe é que ele oferece grandes riscos à saúde.
Os riscos do cigarro eletrônico
Mesmo proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, a venda ainda é presente em comércios informais, tabacarias e na própria internet. Os comerciantes ilegais usam diversas opções de cores e até aromatização para atrair os consumidores que têm curiosidade ou que compram o discurso de largar o vício do cigarro por meio da versão eletrônica do item.
Dentre os vários malefícios notificados por pessoas que procuraram ajuda médica depois da popularização do dispositivo, em 2019, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), denominou como Evali a doença pulmonar relacionada ao uso de cigarro eletrônico.
“A Evali é um perigo real! Já há relatos nos últimos anos, inclusive, da doença no Brasil”, alerta Walter. Segundo dados da The Intercept, até o último semestre de 2020, sete casos dessa nova doença já haviam sido confirmados no país.
De acordo com os especialistas, os componentes presentes no dispositivo, além de danificar alguns órgãos como o pulmão, coração e o sistema gastrointestinal, são danosos também ao sistema nervoso. “Os componentes presentes nas essências têm efeito nocivo, acarretando em neurotoxicidades. É constatada, também, a presença da nicotina, tornando a pessoa dependente do cigarro eletrônico”, conclui o pneumologista do Sistema Hapvida.
Tratamento
É importante estar atento aos detalhes dos possíveis danos físicos e também psicológicos, tanto na saúde mental, quanto na necessidade de dependência do vício.
Walter aconselha a ajuda de especialista pneumologista e também o acompanhamento psicológico, para conversar sobre o assunto nas duas vertentes e traçar a melhor estratégia para cada caso.