No Maranhão, 984 pessoas esperam ansiosas na fila por um transplante de órgão
Uma manhã de homenagens, emoções e esclarecimentos acerca da conscientização e importância da doação de órgãos e tecidos para transplantes. Assim foi marcado o Simpósio Setembro Verde realizado pelo Centro Universitário Estácio São Luís alusivo ao Dia do Doador de Órgãos e Tecidos para Transplante comemorado nesta segunda-feira, 27 de Setembro.
Para a coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Maranhão, Dra. Maria Inês Moreira, esse momento é fundamental para uma melhor divulgação e visibilidade em prol da causa. “É muito importante a informação e a Estácio vem ao longo dos últimos anos desempenhando esse papel importante no trabalho de sensibilização. Aqui foi criada a Liga Acadêmica de Doação de Órgãos, a exemplo de outras universidades que já tem a liga, mas aqui foi pioneira e desenvolve um trabalho maravilhoso e hoje, a gente teve a oportunidade de ouvir profissionais aqui egressos desta instituição e que tiveram uma atuação muito importante nessa área, relatou.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Maranhão, 984 pessoas esperam ansiosas na fila por um transplante de órgão no Maranhão. No primeiro semestre de 2021 foram realizados apenas três transplantes de rim, um de fígado e 77 transplantes de córnea. “A gente ainda tem uma taxa de recusa familiar ainda muito acentuada. No Brasil, de um modo geral ainda é elevada essa taxa, gira em torno de 40 – 42%. No Maranhão, essa taxa já é mais elevada um pouco, no ano passado chegou a 69%, mas são esses movimentos de divulgação, de levar o conhecimento, a informação correta para a população que vão mudar essa realidade, com certeza, pois nada como a informação adequada, limpa e correta para que as pessoas tomem conhecimento e se decidam pela doação de órgãos, finalizou a coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Maranhão.
E para aqueles que, diariamente, trabalham para a diminuição dessa espera, encontros como esse são de fundamental relevância. “Esse dia é um dia muito importante porque a gente lida todos os dias com inúmeros pacientes que estão na fila angustiados precisando de uma córnea para dar continuidade às suas vidas, muitas vezes adolescentes que querem voltar a estudar, idosos que estão em situações que não conseguem se locomover, profissionais que não conseguem exercer as suas atividades e estão aguardando por um transplante, então dias como esse, campanhas como essa, são fundamentais para que a gente consiga aumentar o número de doadores e que essa fila consiga ser cada vez menor”, destacou o médico transplantador de córneas do Hospital Universitário da Ufma, Dr. José Bonifácio Júnior.
A dona Arleide de Lourdes Palhano Araújo, técnica de enfermagem, sabe muito bem como a decisão é um tanto difícil e vários aspectos contribuem para isso. O pai dela, seu Arnaldo dos Santos Araújo, aos 69 anos faleceu após consequências de um AVC – acidente vascular cerebral – e depois de discutir o assunto em família, foi aceito o pedido feito pelo pai de se tornar um doador, mas devido às sequelas do AVC, somente as córneas puderam ser doadas. “No começo foi difícil, minhas tias, como são católicas, acreditavam que o corpo uma vez mutilado não seria recebido no céu da mesma forma ou melhor, o pai não enxergaria. Aí depois de muita conversa elas acabaram se conscientizando de que aquele gesto seria uma forma de perpetuar, de manter viva a memória do meu pai”, destacou.
O simpósio deste ano reuniu profissionais que trabalham na área de transplante, assistentes, enfermeiros, psicólogos e a figura principal deste dia, que foi a família doadora para falar desse ato em relação a doação, esse ato de amor, de solidariedade. A organizadora do evento e também professora do curso de enfermagem, Janaína Câmara fez questão de deixar uma mensagem à sociedade em geral. “Que todos tenham conhecimento em relação a questão da doação de órgãos e tecidos para transplantes e que comunique a sua família que você é um doador e que esse no momento que você não possa mais responder por esse ato, não tenha mais poder de decisão, que a família venha garantir esse seu desejo porque doar órgãos é vencer o tempo e esse é o slogan da nossa campanha: Seja um doador de órgãos, salve vidas”, frisou.