A campanha Agosto Verde chama atenção para os cuidados e prevenção da doença. Veterinária explica os cuidados com os animais
O Brasil já registrou, pelo menos, 790 casos de leishmaniose este ano, segundo o Ministério da Saúde. De janeiro a julho, 79 pessoas morreram em decorrência da doença. Somente no Maranhão, já são 16 vítimas desde janeiro de 2021. É o estado com maior número de óbitos, seguido do Pará (com 13 mortes) e Bahia (11). O cenário é preocupante, por isso organizações e instituições ligadas à Saúde promovem o ‘Agosto Verde’ – mês dedicado ao combate e prevenção desta enfermidade que acomete tanto seres humanos quanto cães e gatos.
A leishmaniose é uma doença parasitária, causada por um protozoário do gênero Leishmania, que ataca os órgãos internos do indivíduo, principalmente o fígado, baço e a medula óssea. A transmissão se dá por meio da picada do “mosquito-palha” (também conhecido por ‘birigui’ ou ‘tatuquira’). Especialistas dizem que os cães são as principais fontes de infecção para o inseto transmissor. Isto porque quando o inseto pica o cão doente e depois pica uma pessoa saudável, a doença se espalha. Entre os sintomas mais comuns estão a febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular e anemia.
A médica veterinária, Rayule Cristina, explica que os donos de pets devem ficar atentos aos sintomas nos animais. “Normalmente apresentam perda de peso bem acentuada, feridas em focinhos e ponta das orelhas, onicogrifose (crescimento exagerado das unhas), apatia, febre. Esses são os sinais clássicos da doença”, destaca. No entanto, alguns pets podem apresentar um quadro de diarréia, vômitos constantes e dermatite esfoliativa.
Ela alerta ainda que gatos também podem contrair leishmaniose. “Os sinais clínicos são inespecíficos e na grande maioria apresenta lesões cutâneas ulceradas e nódulos presentes na face, orelha, focinho e patas”, comenta a veterinária.
Tanto em cães quanto em gatos, o diagnóstico é feito por meio de exames. A doença não tem cura, mas já há tratamentos que ajudam a evitar a eutanásia ou sacríficio dos animais. “É extremamente importante fazer o tratamento de forma correta, manter o animal sempre encoleirado e ter um ambiente também controlado. Desta forma o risco de transmissão se torna baixíssimo”, alerta a veterinária do PetMania. “Explico sempre aos tutores que ter um animal com Leishmaniose é uma responsabilidade com a sua família e a sociedade”, acrescenta.
Questionada sobre as formas de prevenção, Rayule cita a vacinação e o uso de repelentes – inclusive de coleiras repelentes. “As medidas não devem ser usadas separadamente, sempre em conjunto. Uma vez que nenhum dos métodos oferece 100% de eficácia. E a doença é de fácil transmissão para humanos e animais”, explica a veterinária.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil contabilizou 2.529 casos de Leishmaniose, em 2019. Naquele ano, 207 óbitos morreram em decorrência da doença. No ano passado, 2.032 casos foram confirmados, sendo 165 óbitos.