Especialistas analisam a importância da amamentação na afetividade e benefícios nutricionais
Mãe de primeira viagem, Mirla Thayná descobriu o que era a maternidade durante o processo de amamentação. No início, ela conta que não foi fácil e ficava com muito medo diante dos relatos de dor no ato de amamentar. Só que o momento foi sublime. “Quando coloquei meu filho no colo pela primeira vez e ele pegou o peito, a ficha caiu: eu sou mãe! Os nossos olhares se cruzaram, o amor transbordou e aquela sensação maravilhosa de tê-lo tão perto de mim. Isso, faz a gente superar qualquer coisa, é o momento nosso, mais íntimo”, revela.
Mirla não esconde a preocupação sobre o que virá depois que passar esta fase para o pequeno Dom Rael de dois meses de vida. “Confesso que vou sentir muita saudade, eu já sofro só em pensar. Aquele desconforto da primeira semana já não existe mais, não sinto nenhuma dorzinha, apenas amor! Amo amamentá-lo e pretendo fazer isso até quando for necessário”, afirma.
A amamentação traz o fortalecimento de vínculos entre mãe e bebê no conhecimento e reconhecimento da vida que foi gerada. É o que diz a psicóloga e professora do Centro Universitário Estácio São Luís, Simony Faria.
“Fortalece a autoestima, o sentimento de inteireza, de cuidado com o outro e de autocuidado. A vinculação que se estabelece nesse período curto e tão significativo geralmente é carregada de emoções e favorece a percepção de si mesma e de empoderamento enquanto mulher e mãe, principalmente nas mães que vivem essa experiência pela primeira vez”, explica.
Para o bebê é a construção de um relacionamento seguro, contínuo e afetivo. Um momento em que a criança desenvolve sua autoestima e toma conhecimento do mundo exterior. “O bebê sente-se seguro. A voz e o batimento cardíaco da mãe soam familiares e junto à temperatura da mãe trazem a sensação de bem-estar. Amamentar é troca de afetos e confirmação de vínculos que são construídos desde a vida intrauterina e segue avançando o campo da vida e do desenvolvimento infantil”, detalha Faria.
Não é somente no campo da afetividade, que a amamentação traz benefícios. O pediatra do Hapvida Saúde, Elton Oliveira, destaca a importância do leite materno, como alimento essencial nessa primeira fase. “O leite materno supre todas as necessidades nutricionais até os seis meses de idade, evitando problemas como a desnutrição. O leite materno contém todos os nutrientes na quantidade e qualidade exatas que o bebê precisa”, pontua.
Além de fortalecer o sistema imunológico e proteger o bebê contra infecções e alergias, como diarréias, pneumonias, meningites, infecções de ouvido, bronquites e doenças crônicas no futuro (diabetes, obesidade, hipertensão arterial, doenças do coração) e até diminuir a chance de desenvolver alguns tipos de câncer, como leucemias. “Além disso, a amamentação favorece o desenvolvimento dos ossos e fortalece os músculos da face, facilitando o desenvolvimento da fala, regulando a respiração e prevenindo problemas na dentição. Também é capaz de proteger os bebês”, confirma o pediatra.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o momento para iniciar o aleitamento materno é desde as primeiras horas de vida do bebê até os 6 meses de idade. “Não precisam de chás, sucos, outros leites, nem mesmo de água. Após essa idade, deverá ser dada alimentação complementar apropriada, mas a amamentação deve continuar até o segundo ano de vida da criança ou mais”, recomenda.
Agosto Dourado
Agosto é mês de incentivo à amamentação e a cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. O Agosto Dourado simboliza, assim, a campanha mundial da amamentação e destaca a conscientização dos pais e familiares sobre seu papel no apoio à prática do aleitamento materno.