São Luís – Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead) informou que durante o período de isolamento social, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, Covid-19, aumentou o consumo de álcool e entorpecentes, consequentemente, elevando o índice de violência no país. Segundo os dados da Fiocruz, 3,2% dos brasileiros admitem que já consumiram substâncias ilícitas, sendo a maconha a mais consumida, um total de 7,7%, enquanto, em segundo está a cocaína, 3,1%, em relação a outros tipos de entorpecentes. Na sexta-feira, 26 de junho, é o “Dia Internacional de Combate às Drogas”.
A data foi uma decisão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Resolução 42/112 de 7 de dezembro de 1997, implementando recomendação da Conferência Internacional sobre o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, realizada em 26 de junho do mesmo ano. Todo ano, a ONU, por meio do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), enfatiza a Campanha Internacional de Prevenção às Drogas.
Na quinta-feira, 25, o UNODC lançou o Relatório Mundial sobre Drogas 2020. Este documento fornece uma visão global da oferta e da demanda de drogas ilícitas e seus impactos sobre a saúde e os efeitos da pandemia de Covid-19. De acordo com o UNODC, a manufatura global de cocaína aumentou muito nos últimos anos, estimando uma produção de 1.410 toneladas.
Um dos nossos objetivos é resgatar pessoas que vivem nas ruas, pois é uma situação preocupante, principalmente, durante esse período de pandemia”
Delegado Joviano Furtado – coordenador da Ação Resgate
Em relação ao Brasil, uma pesquisa feita pela Fiocruz, no ano passado, revela que 4,9 milhões de brasileiros admitiram já ter consumido algum tipo de entorpecente. O consumo maior é feito por homens, um registro de 5%, enquanto, as mulheres, apenas 1,5%. Já, o consumo maior desse tipo de produto ilícito é feito pelo público jovem (18 a 24 anos).
Ação em São Luís
Em alusão ao Dia Internacional de Combate às Drogas será realizada nesta sexta-feira, 26, mais uma edição da Ação Resgate, a partir das 7h30, na praça Deodoro, no Centro. Um dos coordenadores desse trabalho, delegado Joviano Furtado, lnmbrou que a ação é promovida pela Polícia Civil e o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) do Monte Castelo, com apoio de parceiros.
Joviano Furtado informou que, no decorrer do evento, será fornecida à comunidade uma série de serviços, como aplicação de vacinas, medição de temperatura, teste de Covid-19, distribuição de kit de limpeza e orientações sobre doenças infectuosas. “Um dos nossos objetivos é resgatar pessoas que vivem nas ruas, pois, é uma situação preocupante, principalmente, durante esse período de pandemia”, frisou o delegado.
O diretor do CAPS AD do Monte Castelo, Marcelo Costa, que também é um dos coordenadores do evento, disse que somente neste ano já foram realizadas nove edições da Ação Resgate na capital. Durante esse trabalho já se conseguiu resgatar 70 moradores em situação de rua, vacinar mais de 200 pessoas contra a gripe, efetuação de 50 testes de coronavírus, distribuição de cestas básicas, kit de higienização e equipamento de segurança individual, inclusive, para flanelinhas.
Ele ainda contou que a ação vem sendo realizada desde o ano de 2011, principalmente, nos locais onde há concentração de “cracolândias”. Em 2019, ocorreram 19 ações na Grande Ilha e resultaram em mais de oito mil atendimentos, 150 dependentes químicos retirados das cracolândias e 90 pacientes capacitados para o mercado de trabalho.
Tratamento
Marcelo Costa declarou que os usuários de drogas resgatados, que desejam fazer o tratamento químico, são encaminhados ao CAPS AD do Monte Castelo ou a outras unidades de tratamento. Apenas o CAPS AD, no ano passado, realizou 9.200 atendimentos. Neste local, o paciente pode ser submetido ao tratamento intensivo, que é diário; o semi-intensivo, duas vezes na semana; e o não intensivo, uma vez por mês.
Ele ainda frisou que também há o tratamento ambulatorial, no qual o paciente tem acesso medicamentos de forma gratuita e orientações psicossocial. O paciente ainda pode ser encaminhado para a Unidade de Acolhimento, localizada na Cohab, submetido ao tratamento por um período de 30 dias. Apenas, em 2019, houve o registro de 250 internações.
Comunidades terapêuticas
Usuários de drogas também podem receber tratamento em comunidades terapêuticas em que não são usados medicamentos. No Maranhão, existem 133 comunidades e cada uma delas pode comportar até 60 acolhidos, em quatro federações.
No mês de outubro do ano passado, cerca de 130 representantes dessas comunidades participaram do 1º Encontro Estadual das Comunidades Terapêuticas com o Poder Público do Maranhão, na sede da Secretaria Estadual da Fazenda, em São Luís.
O evento teve como um dos objetivos informar os representantes das federações e comunidades terapêuticas sobre os requisitos necessários para participarem dos editais de chamamento público para que possam se credenciar e pleitear vagas disponibilizadas pelo Ministério da Cidadania para o atendimento e acolhimento de dependentes químicos. Ainda no ano passado, o Poder Federal disponibilizou 252 vagas para o estado maranhense e cada uma delas custa ao cofre da União R$ 1.100,00 por mês.
Cleiton Araújo Nascimento, de 27 anos, é um ex-usuário, retirado da cracolândia do Mercado Central durante a Ação Resgate, ocorrida em janeiro do ano passado. Ele contou que começou a usar drogas aos 10 anos e passou a morar na rua e usar entorpecentes indiscriminadamente.
No momento, ele continua sendo acompanhado pelos profissionais do CAPS AD do Monte Castelo, tendo sido agraciado com os benefícios sociais, e já distribuiu o seu currículo em várias empresas. “Comecei a usar merla e depois outros tipos de drogas. Mas resolvi fazer o tratamento e recebi total apoio. Passei mais de 10 meses em uma clínica, em Coroatá. Agora, estou querendo conseguir um emprego para ajudar no sustendo da casa”, declarou o ex-dependente químico.
Saiba mais
A Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), preocupada com o crescimento do consumo do álcool e droga no país durante a fase de pandemia lançou a campanha #sejaluz. A campanha mostra coisas positivas na internet, como os botecos virtuais e orientando a respeito dos cuidados não apenas com o álcool, mas com o tabaco droga e outras drogas.
droga
Serviço
O que: Ação Resgate em alusão ao Dia Internacional de Combate às Drogas
Quando: Hoje, sexta-feira (26)
Onde: Praça Deodoro, no Centro
Horário: a partir das 7h30
Objetivo: um deles é resgatar usuários de drogas
Números
4,9 milhões de brasileiros admitiram que consumiram algum tipo de entorpecente
9.200 atendimentos foram feitos no CAPS AD do Monte Castelo durante o ano passado
150 dependentes químicos retirados das cracolândias da Grande Ilha durante as edições da Ação Resgate em 2019
Fonte: Ismael Araújo – repórter de polícia do jornal O Estado do Maranhão