Hoje, 09, uma mistura de sentimentos como alegria e esperança contagiou a todos do Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA). Sob aplausos, profissionais que estão na linha de frente do combate à Covid 19, comemoram a alta hospitalar do primeiro paciente curado na Instituição.
Foram sete dias lutando para sobreviver em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo monitorado 24h por dia. O paciente que teve alta e sai do hospital curado, conhece muito bem todo esse ambiente, pois Cláudio Matias Barros Júnior, 28 anos, é médico e residente de cirurgia do aparelho digestivo do HU-UFMA e acha que foi infectado pelo vírus durante algum atendimento.
Cláudio Barros, saiu na UTI do anexo C do HU-UFMA, com um cartaz com os dizeres “Eu fui curado do Covid 19. Graças a todos vocês. Obrigado!!! Jesus Vive. Amém”. Muito emocionado, ele fez um belo discurso em que agradeceu a Deus, a toda a equipe de saúde e de apoio, como os profissionais da limpeza, pelo empenho e dedicação nesse momento tão delicado.
“Hoje é meu último dia aqui nessa casa, certo. Foi aqui onde eu vivi a maior batalha da minha vida. Eu sou nascido no interior da Bahia e fui criado em Pernambuco e com dezessete anos eu fui ser soldado de polícia em Pernambuco. De lá, não deu certo e fui para Centro de Formação de Oficiais (CFO) de João Pessoa, que também não deu certo. E aí eu resolvi que seria médico. Me formei médico em Campina Grande. De lá, quis ser cirurgião em Fortaleza e ainda querendo mais, ser um cirurgião melhor, ouvi falar de Dr. Orlando e vim para São Luís aprender mais. De longe, esse foi o momento que passei mais perto da minha morte, da angustia e do medo e de tudo, de ter ficado longe da minha família, da minha princesa, que é a minha esposa. Mas eu sentia que cada um de vocês estava comigo. Queria agradecer cada técnico, cada auxiliar de limpeza, cada enfermeiro, cada médico, cada nutricionista e cada um que esteve até aqui comigo. Cada um de vocês contribuiu um pouquinho para que eu ficasse bom. Só Deus sabe o quanto eu estava agoniado, pensando que seria entubado. A gente que é médico passa por muitos momentos difíceis e eu tinha certeza que Deus não ia me deixar, não ia me desamparar. Deus tarda, mas não falha. Sua palavra é justa e jamais ia me deixar e me desamparar. Tudo que eu posso, está nele que me fortalece. Vocês profissionais de saúde que estão aqui. Vocês não têm ideia do quanto são fundamentais na vida de cada um dos pacientes que estão aqui. Deus está guardando uma benção maravilhosa para cada um de vocês, assim que saírem daqui vocês vão ver o quanto vai ser importante e o quanto Deus vai abençoar cada um de vocês. Obrigado Deus por ter me dado força, por ter me dado chance de lutar contra esse inimigo e por ter me dado mais essa chance de vida. Amém meu povo. Eu venci essa batalha. Obrigado!” discursou Cláudio.
A médica da UTI do anexo C, Rosimarie Salazar, que compõe a equipe de frente no enfrentamento da Covid 19, falou sobre os sentimentos que a envolveram nesse processo. “É bem difícil a primeira semana, pois ele foi nosso segundo paciente e é nosso colega médico. Então todo mundo estava muito apreensivo. Ele chegou moderadamente grave, mas respondeu clinicamente bem. E todo dia a gente ficava muito apreensivo porque essa doença é nova, uma hipoxemia silenciosa, mas a gente vigiou de perto e a evolução dele muito nos agrada. Todos nós, a equipe inteira está muito feliz, muito contente por essa evolução. E assim a gente deseja que todos os outros doentes tenham esse mesmo êxito, essa mesma evolução.”
O médico Kaile Cunha, que coordena a equipe de enfrentamento do Coronavírus no HU-UFMA, ressaltou a importância desse momento. “É a alta do nosso primeiro paciente e representa todo um esforço que foi programado ao longo de 30 a 45 dias, um esforço inimaginável. Temos toda uma equipe de apoio, a gestão e mais os profissionais da área assistencial como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem, psicólogos, assistentes sociais, tudo para oferecer aos pacientes um tratamento o mais humanizado possível, no meio dessa situação desumanizada que o Coronavírus está provocando. Os pacientes ficam aqui, infelizmente, isolados e longe das pessoas que mais amam. A gente tenta diminuir esse sofrimento, tentando oferecer um atendimento mais humanizado possível. Então o sentimento é de realização, e de dever cumprido e a gente só está no início.”
Para a superintendente do HU-UFMA, Joyce Santos Lages, esse é um momento de alegria e da certeza do dever cumprido. “Como gestora do HU-UFMA, fico extremamente feliz em saber que estamos dando o nosso melhor para garantir a recuperação de todos os pacientes nesse momento tão difícil. Esse resultado é fruto do empenho e da dedicação dessa equipe extremamente aguerrida e que luta incansavelmente contra esse inimigo invisível”.