Por: Adriano Sarney
Os militantes do presidenciável e governador comunista do Maranhão, que ainda usam termos como “oligarquia”, “Sarney nunca mais”, “câncer da política” e outros choros juvenis mesquinhos, estão em descompasso com o seu líder. Dino, que chegou onde chegou utilizando-se do contraponto agressivo ante os governos que o precederam, hoje quer passar a imagem do pacificador do Brasil. Ele pretende liderar uma “ampla frente pela democracia e contra pensamentos ditatoriais”. Mas esbarra-se no seu passado de radicalismos aqui no Maranhão.
Para tentar corrigir seus erros, Flávio Dino tem manifestado cotidianamente seu apreço por José Sarney. Um político e intelectual que goza de respeito e prestígio no cenário nacional por ter sido o responsável pela redemocratização do Brasil. Ao mesmo tempo cessaram os ataques contra o grupo do ex-presidente, em especial à ex-governadora Roseana (que também foi muito caluniada e injustiçada). Será que Dino combinou com os seus seguidores mais radicais, aqueles que repetiam como mantra a luta contra a “oligarquia no Maranhão”, que um dia ele iria exaltar Sarney em entrevistas pelo Brasil visando um projeto eleitoral nacional? Certamente não combinou com seus idiotas úteis que estão a um passo atrás do comunista e logo o seguirão em uma nova cruzada retórica.
O talento político do ex-presidente e imortal sempre foi algo inquestionável aos homens e mulheres que pensam a política com o cérebro. Concordar ou discordar dele não permite desprezar sua importância política e seu trabalho pelo Maranhão e pelo nosso país. Apesar disso, por décadas José Sarney teve sua importância negada por seus adversários no Maranhão puramente por briga de poder.
Dizem os mais sábios que o tempo e a história se incumbe de retratar todas as injustiças cometidas no presente. Nos últimos dez anos Sarney vem obtendo sua redenção histórica. Lembro de, ainda bastante jovem, ver os ataques da esquerda contra o ex-presidente. Ao chegar no poder, Lula abraçou-se a ele para poder fazer um primeiro mandato bastante elogiado. Em 2009 disse Lula: “Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”. Ali foi reparada uma das grandes injustiças cometidas pela esquerda no seu trajeto antes de chegar à Presidência da República. Mais recentemente o presidente Bolsonaro bateu continência e disse em tom de admiração: “Sarney garantiu o 13O salário e o não contingenciamento dos recursos destinados aos militares”. Flavio talvez não bateu continência, mas certamente pediu benção quando foi educadamente recebido pelo ex-presidente em sua casa em Brasília, afinal se não fosse Sarney seu partido, o PCdoB, ainda estava na clandestinidade.
Do meu lado, sinto um regozijo ao ver a história do meu avô ser reconhecida por aqueles que o difamaram, mesmo que tenham um interesse pessoal os motivando. Para aqueles que continuam com o discurso do anti-sarneísmo, cabe informar que até mesmo os que realmente se beneficiaram com ele, agora já o consideram ultrapassado. Mas tudo no seu tempo, o idiota útil precisa de uma nova narrativa para se locupletar.
Adriano Sarney
Deputado Estadual e Líder da Oposição na Assembleia Legislativa, Economista com pós-graduação pela Université Paris (Sorbonne, França) e em Gestão pela Universidade Harvard.
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