O TEATRO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM CENA
São Luís transbordou o Idioma Português e o Teatro, no período de 15 a 18 de agosto, no qual se transformou na capital brasileira do teatro lusófono com a realização do I Fest Luso / Festival de Teatro Lusófono, que é um dos mais importante eventos das artes cênicas entre países de língua portuguesa, projetando o Brasil e seus atores participantes com visibilidade nacional e Internacional.
Criado em 2008 pelo ator e produtor Francisco Pellé, do Grupo Harém de Teatro (PI), o Fest Luso já aconteceu em outras capitais brasileiras além de Teresina. E esse ano, em sua décima edição, ganhou o seu módulo maranhense em parceria com a Cia. Sta. Ignorância de Teatro. Esse fato foi relevante para a cena cultural da cidade, pois São Luís entrou para a rota dos festivais internacionais de teatro, determinante para promover futuramente um maior intercâmbio entre as companhias e atores maranhenses com outros países lusófonos.
“Estamos muito felizes com essa primeira edição do Fest Luso MA e pela oportunidade de oferecermos espetáculos internacionais de alta qualidade de forma gratuita para os maranhenses. Além de democratizar o teatro e formar plateias, o Fest Luso promoveu um rico intercâmbio para todos os artistas. O público aqui foi muito receptivo, assim como a imprensa; o que mostra que São Luís já precisava de um evento como esse”, explica o ator César Boaes, parceiro local do festival.
Para o ator, produtor, criador do festival e atual curador artístico do Fest Luso, Francisco Antônio Vieira (Pellé), trata-se de um evento que além de renovar a cena cultural lusófona, serve para cartografar nações, cores, etnias, vidas e sotaques de países como Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Moçambique, Guiné Bissau e Guiné Equatorial. Depois da edição maranhense, o Fest Luso seguiu para Teresina (PI) onde foi realizado de 20 a 25 de agosto.
O FAZER TEATRAL DO BRASIL, PORTUGAL E MOÇAMBIQUE
Ao todo os maranhenses puderam conferir de graça nove espetáculos no TAA, Teatro Alcione Nazaré, Pequena Cia. de Teatro e no Centro de Cultura Odyllo Costa Filho que foram palco de: “Alguém Sabe Me Dizer se o Meu Chapéu está Bem Posto”, comédia dramática de Portugal e o drama também português “Migrações”. De Moçambique foram apresentados o drama histórico “Nos Tempos de Gungunhanha” com Klement Tsamba; um conto tradicional sobre a vida de um guerreiro da tribo Tsonga; e o dramático “Recados de Lá”, com os atores Kaká dos Santos e Diaz Santana interpretando dois fugitivos de guerra trocando relatos e memórias tensas sobre a guerra. Os brasileiros foram destaque também com a comédia “Duplo Molière” do Grupo Harém (PI); os espetáculos gaúchos “Brasil Pequeno Itinerante” com Genifer Gerhardt e “Desmontagem – Evocando os Mortos Poéticas da Experiência”, com a atriz Tânia Farias. Do Maranhão, destaque para a nova versão de Pão com Ovo, na época do Maranhão escravocrata e o drama inspirado na obra de Gabriel Garcia Marques “Velhos Caem Como Canivete”, com Marcelo Flecha, Jorge Choairy e Claudio Marconcine. Para o jornalista português João Costa Dias (da Rádio Difusão Portuguesa – África) que veio pela primeira vez ao Brasil acompanhar o evento, o Fest Luso MA foi além das expectativas:
“A falta de apoio governamental é ainda precária para a cultura lusófona, mas isso tem que ser repensado e ampliado. A cultura é para as todas pessoas e não apenas uma elite; o teatro tem que ser visto por todos como uma fonte de vida, algo que oxigena as pessoas e que deve ser ofertado de forma democrática e inclusiva. A arte serve para humanizar as relações entre pessoas e aproximar países como nesse intercâmbio lusófono do Fest Luso. Essa troca cultural é fundamental e vital em um mundo cada vez mais veloz e efêmero. É a cultura que nos abre horizontes e nos dá mais qualidade de vida”, disse o jornalista português especializado em cultura, que não poupou elogios ao alto nível dos espetáculos encenados no I Fest Luso MA.
Um evento que já deixou saudades entre o público maranhense e que pode ser resumido em uma só palavra: Bravíssimo!
Que venham as próximas edições e vida longa ao Fest Luso.