Dobra, cola e monta. Essas três ações podem até ser bem simples, mas é por meio delas que algumas das principais lendas maranhenses estão sendo resgatadas e valorizadas. Ao seguir o passo a passo da montagem dos paper toys, que são bonecos feitos de papel, estudantes de escolas públicas da Região Metropolitana de São Luís, conhecem as histórias e os mistérios da cultura do Maranhão. O projeto “Diz a Lenda – Educação e Cultura nas Escolas”, ação idealizada pela Éguas! Paper Toy e que conta com o patrocínio da Cemar e Governo do Estado do Maranhão, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, utiliza a arte dos paper toys como ferramenta de manter viva as antigas lendas maranhenses.
Iniciado no início de março, a primeira edição do projeto “Diz a Lenda” tem encantado crianças, jovens e adultos por onde passa. Em apenas duas semanas, nove escolas já receberam os mistérios das lendas maranhenses, que são contadas por meio do teatro e preservadas com a ajuda dos paper toys.
O projeto começou no Centro de Ensino São José de Ribamar. Depois, já percorreu outras instituições de ensino: U. I. Força Aérea Brasileira (São Cristóvão), U.I. Joaquim Aroso (Raposa), U. I. Francisco de Assis Sousa (Tibirizinho), U. I. Santa Tereza (Cidade Operária), U. I. Japiaçu (Anjo da Guarda), Fumac (Vila Janaína), Cintra (Anil) e E. M. Prof. Rosa Raimunda Paixão Garcês (São José de Ribamar).
Os alunos de todas essas escolas descobrem as lendas a partir da apresentação da Companhia de Teatro Miramundo. Logo em seguida, os próprios estudantes têm a oportunidade de montar os bonecos e conhecer um pouco mais das seis lendas que compõem esta edição do projeto “Diz a Lenda”.
“Achei ótima e bem legal a apresentação por causa das lendas. Eu não conhecia a lenda da Manguda e fiquei com um pouquinho de medo. Essas histórias mudam nossa rotina”, disse a jovem Marília Letícia, de 9 anos. Já a estudante Shirley Pereira Almeida, de 12 anos, adorou a oportunidade de montar o seu próprio paper toy. “Eu gostei, foi um momento bom. Fiquei bastante ansiosa para montar os bonecos da lenda do Rei Touro Dom Sebastião. Achei um pouco difícil, mas ficou bem legal o resultado”.
A opinião das alunas da U. I. Francisco de Assis Sousa é semelhante à dos educadores das outras escolas que já receberam o projeto “Diz a Lenda”. Professora de Português, Rejane Carvalho, aprovou a iniciativa e pôde constatar que unir a arte dos paper toys com o teatro podem refletir dentro de sala de aula.
“É um trabalho em que eu fiquei muito feliz porque aqui é uma comunidade carente, que não tem muito acesso à cultura, ao teatro. Foi valioso esse momento e eu vou agora, por meio desse projeto, dar continuidade e trabalhar as lendas, fazer com que eles façam a releitura das lendas maranhenses. Eles ficaram empolgados com o projeto”, explicou a professora.
Uma aula diferente
Idealizador do projeto, o designer João Manoel Santos, explica que os paper toy não possui “restrição de idade” e pode ser utilizado dentro de sala de aula sem problemas. “Uma oportunidade de ter uma aula diferente, de poder falar da nossa cultura. A gente viu o empenho dos alunos em montar os bonecos de papel, conhecer um pouco da história da gente, conhecendo um pouco das lendas maranhenses. O paper toy não tem uma restrição de idade. O projeto vai contemplar crianças e também os adolescentes de Ensino Médio”, afirmou o designer.
Para a diretora da U.I Santa Tereza, Ana Regina, é muito bom ver os alunos participando de projetos como o “Diz a Lenda”. Ela elogiou a forma como as lendas em forma de paper toys chamaram a atenção dos estudantes, principalmente porque possibilitaram aos alunos de sua escola o uso da criatividade por meio da prática manual.
“A importância maior é que as crianças possam valorizar desde cedo a cultura maranhense, o que é nosso. Tirar eles um pouco dos tablets, dos celulares e levá-los para a prática manual é demais. Estou encantada com o material do projeto porque permite o aluno criar. Hoje em dia a criatividade está associada à tecnologia e não é só por aí. Tem tudo para agregar na educação deles”, analisou a educadora.
Diretor da Fundação Maranhense de Assistência Comunitária (Fumac), instituição fundada há 31 anos, Júlio César também destacou a ida do projeto para as crianças e adolescentes atendidos pela Fumac. “Esse projeto é importante para que as crianças e adolescentes se identifiquem com o teatro, com a música, com a arte”, explicou.
Projeto Diz a Lenda
O projeto “Diz a Lenda” é uma verdadeira viagem cultural, com foco na união da literatura e do teatro para estimular e transmitir ao público infantil o fortalecimento da cultura popular do Maranhão. Além de terem acesso à cultura maranhense, os alunos serão estimulados a desenvolver habilidades motoras a partir da construção de bonecos de papel com direcionamento ao tema cultural.
Em cada edição do projeto, os alunos receberão os paper toys da coleção “Diz a Lenda”. Com auxílio de monitores, os próprios estudantes irão participar de uma oficina e aprender a montar os personagens. A princípio, seis lendas maranhenses serão trabalhadas com estudantes de escolas da rede pública de São Luís durante o mês de março. São elas: A Carruagem de Ana Jansen, A Manguda, A Serpente Encantada, O Rei Touro Dom Sebastião, A Gangue da Bota Preta, e, Pai Francisco e Catirina.
Paper toys
Paper toys ou brinquedos de papel são modelos em miniaturas 3D de objetos ou personagens capazes de estimular a curiosidade de crianças e adultos. É uma arte mundialmente conhecida que na coleção ‘Diz a lenda’ está somada à riqueza cultural e artística da cultura maranhense. Assim, o material integrante da “Diz a lenda” é composto por seis histórias muito conhecidas em todo o estado e pela representação de seus principais personagens em paper toy e em um livro braile e fonte ampliada que poderá ser utilizado nas ações de escolas, bibliotecas e associações de pessoas com deficiência visual. É um recurso inédito e inclusivo que possibilita o democrático e imensurável acesso aos mais diversos públicos.
Programação do “Diz a Lenda”*
19.3 – Escola Comunitária São Benedito (Bairro de Fátima)
20.3 – U.I. Barbosa de Godóis (Monte Castelo)
21.3 – Escola de Cegos do Maranhão (Bequimão)
22.3 – Biblioteca Pública Benedito Leite (Centro)
*Horário das atividades: manhã (a partir das 9h30) e tarde (a partir das 13h30)