A promotora de Justiça Lítia Cavalcanti está pagando caro por tentar fazer valer a lei, sobretudo em benefício dos cidadãos mais humildes. Em postagens recentes na rede social Twitter, com ampla repercussão na internet, na blogosfera e nos demais meios de informação, ela se diz vítima de perseguição interna, com grave prejuízo ao seu trabalho e danos psicológicos e à sua saúde física. Mais do que atentado à democracia, ao sistema jurídico e aos direitos humanos, a repressão alegada por Lítia é uma distorção de valores, que põe o Ministério Público, legítimo guardião da Constituição, sob suspeita e no centro de uma polêmica que precisa ser esclarecida com urgência.
Com notável atuação na área do consumidor, a promotora não hesita em bater de frente com esquemas de corrupção, contrariando interesses de poderosos e atraindo para si a antipatia e a fúria de todos os que sobrevivem à custa de uma engrenagem maligna, que faz movimentar a economia, de modo a enriquecer poderosos, saquear o Estado e massacrar quem vive à margem desse ambiente próspero e degenerado.
Sabe-se que para ter sucesso a cada empreitada, os malfeitores precisam de aliados em órgãos e instituições públicas. Tais parceiros atuam como agentes infiltrados, com disposição e influência suficientes para abrir caminho aos seus patronos rumo ao ganho fácil e hediondo. Funcionam como peças estratégicas no qual só sai perdendo quem não tem acesso aos truques e privilégios típicos das máfias.
Com coragem e energia de sobra para confrontar corruptos e corruptores, Lítia já atuou em diversas frentes. Logo nos primeiros anos de carreira, desmontou uma rede de prostituição infantil, em Caxias, que envolvia políticos, empresários e outros figurões da região. Também denunciou e fez cessar a venda ilegal de carros com placas de locadoras, motivando, inclusive, a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa. Fez, ainda, forte pressão para a melhoria do transporte público de São Luís, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com a prefeitura e com as empresas concessionárias do setor. Sua diligência resultou na primeira licitação de linhas de ônibus urbanos e semi-urbanos da história da capital maranhense.
Agora, se diz disposta a revelar tudo o que sabe sobre atos supostamente ilegais praticados por membros do MP, o que pode resultar em um escândalos de proporções ainda não dimensionadas. Longe de ser blefe, as denúncias de Lítia virão à tona no tempo certo, segundo ela.
A determinação e a valentia da promotora certamente assustam quem está na sua mira. Por isso, ela sofre forte resistência, até mesmo entre seus pares, a cada investida que faz contra o mal.