O secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, instaurou processo administrativo disciplinar contra o investigador de polícia Marcelo Thadeu Penha Cardoso, que no dia 18 de novembro do ano passado foi preso após disparar tiros durante marcha de mulheres negras contra o racismo, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, da qual participavam integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Setores que defendem o policial alegam que ele está sendo vítima de perseguição política por parte dos direitos humanos, por movimentos atrelados ao Governo Federal e pela própria gestão e fizeram uma petição ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal para tentar evitar sua exoneração.
A portaria por meio da qual a SSP investigará a responsabilidade funcional de Marcelo Thadeu, de nº 838/2015, foi publicada no Diário Oficial do Estado no último dia 23 de dezembro. Caberá ao delegado Antônio de Lima Paulino e aos investigadores José Marcelino Araújo dos Santos e Cleneida da Rocha Campelo conduzir a apuração, que pode resultar na expulsão do colega, lotado no 6º Distrito Policial, na Cohab, dos quadros da Polícia Civil do Maranhão.
O fato
Ao passar pela Esplanada dos Ministérios, os ceca de 10 mil participantes da marcha contra o racismo se deparam com um acampamento montado por um grupo que protestava contra o governo Dilma Rousseff e defendia volta do regime militar. O clima ficou tenso e foi justamente nesse momento que o policial maranhense fez os disparos. Foram quatro tiros para o alto, efetuados, segundo Marcelo Thadeu, como forma de se defender, pois ele disse ter-se sentido ameaçado pelos manifestantes do MST e da CUT.
Preso em fragrante e conduzido à 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal, o investigador, que teve a arma apreendida, só foi solto após pagar fiança de R$ 15.670,00. Mas os autos foram encaminhados pela 3ª Vara de Brasília à SSP, que decidiu investigar a conduta do seu membro.
Perseguição política?
Na petição dirigida ao MPF e à PF, os defensores de Marcelo Thadeu argumentam que ele está sendo vítima de injustiça e de perseguição política por parte do que chamam de “crime político organizado”, cuja intenção é vê-lo expulso da Polícia Civil do Maranhão. “Marcelo está sendo perseguido por ter defendido vidas na Esplanada dos Ministérios no ataque do MST e da CUT, sendo acusado de racista e fascista pelos direitos humanos, pelo governo federal e os movimentos pró-governo”, acusam os apoiadores do policial. “Marcelo não é racista. Apenas defendeu seu povo e agiu em legítima defesa”, alegam, acrescentando que ele está sendo monitorado pelo Serviço de Inteligência da Presidência da República.
A suposta motivação política deve ser levada em conta na condução do processo contra o policial, que é alvo da hostilidade governista. Seria inadmissível o tratamento diferenciado ao caso neste momento em que o governador Flávio Dino se destaca como um dos artífices do plano que visa à preservação do mandato da presidente Dilma Rousseff.