Márcio Henrique Sales
Da equipe de O Estado
O clima da Copa do Mundo chegou definitivamente a São Luís na manhã de ontem. Ele foi trazido pela taça oficial do evento, que foi exposta ontem, no Shopping da Ilha. Milhares de pessoas puderam ver de perto, até às 21h, o objeto de desejo das 32 seleções que disputarão o Mundial de futebol no Brasil, no mês de junho.
Excursões escolares, famílias e convidados foram o principal público do evento. A cobiçada taça de ouro maciço de 18 quilates de 36,8 centímetros de altura e pouco mais de seis quilos atraiu ao menos 22 mil pessoas, segundo a organização do Tour da Taça. A solenidade de abertura da exposição aconteceu no período da manhã e contou com a presença do campeão da Copa de 2002, Belletti, do professor Dimas, e do meiocampista do Sampaio Corrêa, Arlindo Maracanã.
Além de levar para casa uma foto ao lado da taça, os visitantes puderam se divertir em jogos interativos relacionados ao futebol e assistir a um filme que conta a história das copas com momentos do troféu ao redor do mundo. A taça fica protegida por uma redoma de vidro e não pode ser tocada pelo público. Pelas regras da Fifa, apenas campeões do mundo e chefes de Estado podem tocar o troféu dourado.
Interesse – A fila para entrar no local começou mesmo antes de a exposição ser aberta ao público. Às 8h, já era possível ver muita gente na frente do Shopping da Ilha. Pessoas das mais variadas idades. Pais e avós levaram seus filhos e netos para conferir o evento. Leonardo Chaves chegou ao local do Tour da Taça aos 8h20 e foi o primeiro da fila. “A emoção é única. Um prazer imenso. É primeira vez que vou poder acompanhar uma Copa do Mundo de perto. E não há palavras que descrevem a emoção que estou sentindo”, disse.
Vestido com o uniforme da Seleção Brasileira, Felipe Lago, 8 anos, foi o segundo da fila. “Estou achando muito legal poder olhar de perto a Taça da Copa do Mundo”, comentou.
Bruno Furtado levou os dois filhos, Lucas Felipe, de 8 anos, e Igo Felipe, de 2, para ver de perto o troféu. Para ele, essa é uma oportunidade única. “Eu trouxe os meninos porque é um evento único, então temos de participar. Aproveitei e participei de tudo, de todas as atividades, foi um pouco confuso, mas estamos na farra. Foi bem bacana conhecer a taça, é muito rápido, mas vale a pena”, comentou.
O filho mais velho de Bruno, Lucas, ficou bastante satisfeito e disse que acredita no hexa. “Eu achei ótimo, foi muito legal conhecer a taça. E eu estou torcendo muito para o Brasil ser campeão. E eu acho que vai ser sim”, disse Lucas, de 8 anos.
Honra – Vencedor do torneio em 2002, o ex-jogador Belletti foi quem teve a honra de apresentar a taça ao público e, em seu discurso, fez questão de exaltar a partida que fez contra a Venezuela em 2001, no Castelão, pela última rodada das eliminatórias da copa do Japão e Coréia. “Ver a Taça de perto é sempre gratificante, porque sei o quanto é difícil conquistá-la e que sirva de inspiração para os mais jovens. Lembro-me da mobilização na cidade para aquele jogo, porque a gente precisava vencer para ir para a Copa. Havia muito nervosismo, mas na hora que entramos em campo a alegria que a gente viu nas arquibancadas nos inspirou e vencemos por 3 x 0”, recordou.
Segundo o planejamento da organizadora do Tour da Taça, em cada uma das sedes, será homenageado um grande campeão local. O conceito é: “Esta é a Copa de todo mundo, de todos os craques, de todas as torcidas, do presente ou do passado, de grandes torcidas de todos os estados”. Em São Luís, o homenageado foi o professor Dimas, por relevantes trabalhos dedicados ao esporte.
Antônio Maria Zacharias Bezerra de Araújo, o professor Dimas, é um dos ícones do esporte maranhense. Um dos pioneiros professores de educação física no estado e sempre trabalhou para desenvolver as modalidades esportivas pelo Maranhão. Curiosamente, professor Dimas estava no Maracanã quando o Brasil perdeu a Copa do Mundo para o Uruguai. Ele e dezenas de soldados do Exército amaciaram o palco da final do Mundial. “Tenho o maior orgulho de dizer que eu assisti à Copa de 1950 no Rio de Janeiro. Eu fui um dos que amaciaram o gramado do Maracanã. Naquela época, eu estava servindo ao Exército e fui convocado. A gente fazia uma fileira lado a lado do campo, ombro a ombro, ia e voltava, ia e voltava. O meu grande orgulho é que são poucas as pessoas que ainda estão vivas daquelas que participaram do amaciamento do gramado do Maracanã em 50. E eu fui um. Então, para quê felicidade maior que essa?”, comentou.
Alegria – Convidado para representar o futebol maranhense no Tour da Taça da Copa do Mundo em São Luís, o volante Arlindo Maracanã teve que fazer um pequeno sacrifício para comparecer ao evento: precisando viajar para São Paulo, onde o Sampaio Corrêa enfrentará o Palmeiras pela segunda fase da Copa do Brasil, o capitão adiou a sua ida para a capital paulista para receber a homenagem. “Esse evento é importantíssimo e marcante para todo o público maranhense. É muito legal, é um momento muito bom estar aqui perto da Taça, essa escolha para representar o nosso futebol é um motivo de muita alegria”, agradeceu.
Brincadeiras
esportivas
divertiu o
público
O gerente de comunicação da Coca-Cola, empresa que organiza o evento, Luís Felipe Schmidt, afirmou que São Luís foi uma ótima anfitriã para a taça. “Estamos sentindo que a população vê esta oportunidade como um momento muito especial, principalmente pelo fato de não haver jogos oficiais aqui”, declarou.
Além de ver a taça de perto, quem esteve na exposição pôde testar suas habilidades no futebol. A organização disponibilizou para o público brincadeiras, como totó humano, teste de velocidade no chute a gol, teste para defesa do gol, estilingue humano e cobranças de pênaltis. Os visitantes puderam também tirar fotos com o mascote da Copa, o Fuleco.
Os visitante puderam ainda apreciar uma exposição com as bolas utilizadas nos mundiais desde a Copa de 1970, realizada no México, até chegar na Brazuca, a bola que será utilizada no Mundial no Brasil a partir do dia 12 de junho.
São Luís é a 14ª parada do tour pelas capitais brasileiras que o troféu faz. Antes de retornar ao Brasil, o objeto esteve em outros 89 países. Depois da capital maranhense, a taça segue para Palmas, capital do Tocantins e completa sua viagem no dia 1 de junho, em São Paulo, após passar por todas capitais do Brasil.
A Taça
A autêntica Taça da Fifa, de valor inestimável, mede 36,8 centímetros de altura, pesa 6,175 quilos e é feita de ouro maciço 18 quilates. A base é de malaquita, pedra semipreciosa, com 13 centímetros de diâmetro.
De acordo com o regulamento, a Taça pertence à FIFA e é entregue ao país campeão, que leva para casa uma réplica folheada a ouro – e não de ouro maciço como a original.
Somente campeões mundiais e Chefes de Estado têm o direito de segurar o cobiçado troféu, que traz gravado, na parte inferior, o nome e o ano de cada ganhador da Copa do Mundo desde 1974.
Brasil (1994 e 2002), Alemanha (1974 e 1990), Argentina (1978 e 1986), Itália (1982 e 2006), França (1998) e Espanha (2010) são os países que, até o momento, têm seus nomes gravados. A taça foi criada pelo escultor milanês Silvio Gazzaniga e substitui a Jules Rimet.
No início dos anos 70, a Fifa encomendou um novo modelo de troféu para a 10ª Copa do Mundo, que aconteceria em 1974, na Alemanha. Trinta e três desenhos foram enviados por experts de sete países. O escolhido foi o trabalho do artista italiano.