Falar em salário no futebol é uma questão delicada. Não só no esporte como em qualquer profissão, o pagamento em dia não é favor, mas obrigação. Independente valor do contracheque mensal ou da função, o salário é uma coisa sagrada. O presidente do Sampaio, Sérgio Frota, ao cobrar uma vitória da sua equipe sobre o CSA em Maceió por ter colocar os pagamentos em dia está equivocado, pois pagamento em dia é obrigação do empregador e não incentivo.

No futebol brasileiro os salários variam de R$ 510 (salário mínimo) a R$ 1,3 milhão por mês. Aqui no Maranhão, o teto não passa de R$ 15 mil, que o salário do goleiro do Sampaio, Rodrigo Ramos. Porém, independente do valor é obrigação de quem contrata manter os salários em dia.

De acordo com o artigo 465 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o empregador deve efetuar o pagamento de salários aos empregados até o quinto dia útil do mês subseqüente ao vencido. Para a legislação trabalhista o sábado é considerado dia útil. Caso o quinto dia útil seja um sábado e a empresa não trabalhe aos sábados, o pagamento deverá ser efetuado na sexta feira

No futebol, o atraso de salário pode ser atrelado ao desempenho do time em campo, pois se a equipe vence com salários atrasados, o resultado é tido como “superação” dos jogadores, mas perde com os vencimentos atrasados, o grupo fica sob a suspeita de corpo mole. Como aconteceu com o Moto, nas últimas rodadas da Copa União.

É só lembrar o gesto do ex-lateral-esquerdo do Moto, Márcio Oliveira, que ao ser substituído por estar jogando mal, foi vaiado pelos torcedores e fez o gesto com os dedos que lembra “dinheiro”, para justificar que o seu baixo rendimento em campo era em virtude dos salários atrasados.

O gesto de Márcio Oliveira remonta também para a célebre frase do ex-volante Vampeta, quando jogava no Flamengo: “Eles fingem que me pagam, e eu finjo que jogo”, disse.

É fato, que salários atrasados atrapalham o desempenho de qualquer trabalhador, pois trabalhar preocupado dificulta a concentração e a motivação cai para zero. Por isso, pagar em dia não é nenhum favor, mas obrigação.

Por isso, se Sérgio Frota quiser motivar seus atletas, ele deve oferecer “bicho” (gratificação) e não lembrar que está cumprindo a risca uma obrigação sua.