No comando da Seleção Brasileira, Dunga teve resultados idênticos ao de seu antecessor, Parreira, pois os títulos foram os mesmos: Copa América, Copa das Confederações e até a eliminação nas quartas-de-final. Porém, não podemos esquecer que com ele a equipe do Brasil passou a ter profissionalismo e privacidade, que faltaram a Parreira na Copa de 2006.
Apesar de terem trabalhado juntos na Copa de 1994, Dunga é o tenso e fechado enquanto que Parreira é o relaxado e aberto. É justamente por isso que um é contraponto do outro, embora os resultados que obtiveram nas últimas duas copas sejam exatamente os mesmos. A trajetória dos dois na Seleção é tão parecida que ambos tiveram um vilão na eliminação: o de Dunga foi Felipe Melo que deu um pisão no adversário e foi expulso e o de Parreira foi Roberto Carlos que deixou de marcar um adversário para amarrar o meião. Como se o destino quisesse dar um aviso: nem oito e nem oitenta.
Com Dunga, não houve aquele “circo” montado na Copa da Alemanha, quando os principais jogadores saíam de madrugada da concentração, se é que podemos chamar aquilo de concentração, para dar entrevistas, gravar comerciais e participar de festas. Já o técnico Parreira que comandou a Seleção em 2006 não tinha o mesmo desprezo por craques que Dunga, pois gostava a tanto de jogar com craques que convocou Ronaldo, gordo e bichado, e esse foi um dois seus erros. Encontra-partida Dunga trocou Ganso por Felipe Melo e Neymar por Grafite, por detestar futebol arte.
A primeira Era Dunga (como jogador na Copa de 1990) ficou marcada como a derrota do futebol feio do técnico Sebastião Lazarôni. A segunda como a derrota do futebol pragmático (como treinador na Copa de 2010). Na Conquista do Tetra em 1994, ele estava presente, mas aquela geração não foi a dele, mas de Romário e Bebeto. E não podemos esquecer que ele estava presente como jogador no fracasso da Copa de 1998, na seleção dirigida por Zagalo e Zico.
Agora é tempo de aproveitar o que Dunga fez de bom: profissionalismo e privacidade. Porém, o novo treinador precisa evitar defeitos: autoritarismo e revanchismo. O que mostra que o treinador não pode ser nem oito e nem oitenta.